quinta-feira, setembro 15, 2005

Pau no Eduardo II (que trocadalho do carilho, heim?)


O Eduardo 2º foi escrito pelo MArlowe, autor inglês contemporâneo do Shakespeare, mas que, segundo consta, tinha um pé no bafão fortíssimo, vivia bebendo e devendo grana, brigando em tabernas nojentas e acabou sua rápida e fulminante vida com uma facada no olho. Dizem por aí que ele morreu por que devia m dinheiro, mas tmbm se especula que ele foi vítima de um golpe meio político, já que era persona non grata, acusado de ser gay, ateu e estas coisas que incomodam quem acha que é "normal". Poisé, imaginem o texto do cara, simplesmente é a história (baseada em fatos reias, sim aconteceu, shakespeare e esta galera adoravam escrever dramas apartir da memória histórica) de um rei inglês que depois de uma certa idade, já casado e com poder consolidado, rasga a seda e assume sua paixão por um "filho de um açougueiro" o jovem Gaveston. Assume para todo mundo. Ai as coisas vem abaixo, a corte se sente humilhada, pois além de ele estar com um macho ainda não sabe lutar bem na guerra que ta rolando. A rainha perde o rebolado e se junta com um Conde, o Mortimer, e juntos armam, apoiados pelo clero, a morte do amante de Eduardo. Matam e depois prendem o Rei e tentam uma "caçassão" voluntária. Mas o Eduardo não arreda o pé e não cede a coroa. Dai como era de se esperar, matam o sodomita. Na peça matam enforcado, na realidade "Although it was later rumoured that he had been killed by the insertion of a piece of copper into his anus (later a red-hot iron rod, as in the supposed murder of Edmund Ironside), the news of his death was in fact falsified, and the ex-king transferred to Corfe Castle in Dorset, and still later to Ireland, where he remained in custody until Mortimer's fall in 1330. He probably died overseas in 1341. " Ou seja, dizem que morreu com um ferro em brasa metido no cu. Para quem não sabe vale relembrar que:

do Lat. sodomitas. 2 gén., pessoa que pratica a sodomia.
de Sodoma, top.s. f., acto sexual que envolve relações anais, entre um homem e uma mulher ou entre homossexuais masculinos.

Um pouco de cultura não é? Mas voltando ao sodomita, digo, ao rei Eduardo II. Comecei a falar dele e do autor para falar sorbe a peça que vi no POA em CENA. Sendo sincero, teatrão é elogio frente ao que vi nos palcos do teatro Renascença.
A direção do espanhol Etelvino VAzquez é primária. Em um cenário que poderia ser interessante, uma área quadrada no meio de cena, demarcada com um carpete vermelho, e circundada de 4 pedestais que lembram velas de um navio. E no fundo, no lugar da rotunda, cilindros de madeira que fazem quase o papel de uma cerca, ou grade. Só isso. E um obelisco de madeira que fica meio escondido e meio aparecendo na direita alta do palco. Acessório que não entendi se estava dentro ou fora de cena. Neste cenário, com a ajuda ainda de dois bancos que jamais saem do lugar, o VAzquez conta a história do MArlowe de maneira acadêmica no pior sentido da palavra. Sua marcações resumem-se a entradas e saídas de cena. Não existe preocupação com o gestual, quando exite diálogo um personagem fica em frente ao outro, ou sobre um um dos bancos formando uma "imagem" estática da cena, que só se desmancha com a saída de um dos personagens. Sem inventividade alguma.
Os atores davam o texto de forma gradiloquente, falsamente emocionada, over, esquecendo-se do lugar comum que diz "o ator não precisa necessariamente se emocionar, tem é que fazer com que o público se emocione". Mas como vou me emocionar, como público, se vejo os atores apresentando seus personagens de forma caricatural? Risadas de diafraga, como lembrou, a Lu Kunst, choro técnico, voz modulada artificialmente, tensões extras no corpo dos atores (a rainha além de ter uma chuquinha trash no cabelo, levanta os ombros para dar o texto, aliado a um vestido vermelhão de veludo com um detalhe de ombros tomara-que-caia com um tecido que lembrava o efeito de uma meia arrastão: uma figura dantesca), artificialidade, falta de vida, falta de entendimento das dimensões expressivas do corpo e do espaço. Como posso expressar minhas sensações vendo o espetáculo em palavras?
Outra "cereja no bolo" foi o rei Eduardo se "desmunhecando" no começo da peça. Como assim? Quer dizer que para msotrar um gaypara a platéia o diretor tem que usar de recursos que beiram a linha de programas de humor baixos como os fartamente apresentados pela televisão?Chato de ver. Depois de uns 20 minutos de peça e já estava sendo contaminado pelo espírito do sono. Morpheus soprava seu pozinhos nos meus olhos enquando os atores DECLAMAVAM o texto de Marlowe. Não dormi por esforço tremendo. O que era para ser uma história envolvente e super atual, se transformou num amontoado de clichês que beirou o insuportável.
Para arrematar, o cenário não funcionou em uma hora que os personagens erguiam um cortina de tule preto no fundo do teatro que, deus, não sei para que servia. Então a cortina ficou pendurada meia boca depois de o cenário ter quase despencado. E atravancando os atores que tinham a marca de passar por trás dela e volta ao meio da cena. Feio. Muito feio.E como a sensação de cansasso foi se alastrando e os bocejos na platéia amentando conforme a peça se estendia nos seus mais de uma hora e meia de duração, comecei a ficar atendo nos descuidos da produção, figurinos caretésimos, de mau gosto, com uma abordagem caricaturesca também, linahs grossas tecidos grossos, lembrando teatro fetiches de teatro infantil. Deixaram tambpem a porta do camarim aberta e com a luz ligada que vazava em cena e dava para ver os atores saindo e entrando. Black-outs desnecessários e frequentes, etc etc etc...Bom, poderia ficar mais horas e horas desfiando um rosário interminável que coisas que me incomodaram na peça.
Mas o que mais incomoda é tirarem toda a dimensão crítica de um texto tão cheio de qualidades, um texto que fala de um mundo hostil para com as diferenças (sociais, afetivas, etnicas, religiosas), o montando de forma tão convencional... ou pior, descuidada. Marlowe, com sua fúria de enfant-terrible, se visse a esta montagem, ia jogar frutas e verduras podres no palco, como faziam os espectadores da sua época.

Um comentário:

Anônimo disse...

Oh yeah!
O que era aquela chuca no cabelo da rainha? hahaha
Hoje vi a atriz na platéia de Dias Felizes e me choco mais ainda ao perceber que ela, aparentemente, tem cabelo curto!!! Acho que era aplique!!!
Pra que isso???