quarta-feira, dezembro 21, 2005

Cidade baixa é um elogio ao amor. (A must see)



O cinema brasileiro está bem, obrigado. Realmente nós coneguimos sair do poço tecnológico e finenceiro que nos separava apenas por questões de orem geográfica, histórica e econômica da produção mais conscistente cinematograficamente falando. Tá, tudo bem, não sou estudante de cinema tão pouco cineasta, não todos os marginais, vi um Glaubber e meio apenas (genial aliás, o Terra em Transe), mas tenho a nítida sensação que, apartir de "Central do Brasil", do Walter Salles, o cinema brazuca entrou numa nova onda. (nouvelle vagueee , não não) Os filmes passam no cinema, são feitos em quantidades maiores, as pessoas vão, dá orgulho por que é bem feito e geralmente são profundos, e enfim, me ufano de alguns filmes que vi desta nova safra.
Pois bem, o Walter Salles está envolvido no filme que vi ontem, o ótimo "Cidade Baixa", filme de estréia do diretor baiano Sérgio Machado, mas como produtor. Aliás, outro nome reconhecível na parte da estrutura fílmica é a KArin Ainuz, que escreveu com Sérgio o roteiro e é diretor do não menos bom "Madame Satã".
O longa é protagonizado por Wagner Moura, Lázaro Ramos e Alice Braga. Wagner e Lázaro fazem o papel de dois amigos de infância que tem um barco, e vivem de fretes ocasionais entre cidades do interior da Bahia e a cidade de São Salvador. Numa destas cidadezinhas ele encontram o persoangem qe Alice faz, uma menina, prostituta, que está precisando de carona para ir para Salvador ganhar uns pilas "com os gringos", uma trabalhadora do tão coenhcido turismos exual brasileiro. Carona acertada não sem antes uma breve e engraçado diálogo onde eles debatem o valor de um possível programa com ela, descontando o valor da carona. Deste encontro fortuíto nasce uma paixão incontrolável entre ela e os caras. Ah tenhoq ue dizer que os atores são FANTÁSTICOS. Lázaro ramos está se afirmando como um dos emlhores atores de cinema da atualidade. o Wagner também. Mas o negão me hipinotiza nas telas, tem um olhar profundíssimo, trasborda alma. A menina eu nunca tinha visto e é uma boa atriz.
Um dos princpais méritos do filme é a quebra de paradigmas que ele propõe. E não são poucos. Posso começar falando sobre o julgamento social dos personagens. O diretor se sai muito bem, mostrado estes caras à deriva, mas que não são bons nem maus, são apenas jovens vivendo em condições precárias, e se divertindo, e trabalhando e tentando afzer coisas diferentes. Crime e violência não aparecem no filme como sendo da "natureza" destas pessoas, mas como circunstâncias que acabam acontecendo quase que randomicamente. Exemplo disso é que na falta de grana que ocorre em Salvador por que não estão rolando fretes, um dos personagens rouba uma farmácia e outro comça a ltar box de fundíssimo de quintal. E o que é um ganho no roteiro, é que estes eprsionagens apesar de estarem "à margem" da classe média, tem opções e optam, e não agem como marionetes de um destino social.
Mas este cenário social é apenas um ponto. O mais forte diz respeito ao coração da trama: triângulo amoroso entre este personagens. Aliás, o filme gira em torno disso, como o amor vai se estruturando de uma forma não romântica. As pessoas começam a trepar. As pessoas começam a querer trepar novamente. As pessoas acabam pensando muito no alvo da trepada. As pessoas começam a cuidar das outras depois da trepada. As pessoas começam a cuidar e se aproximar uma das outras antes e depois das trepadas. E é isso que ocorre. Os personagens começam a dependem afetivamente um dos outros. E isso é msotrado genialmente em duas imagens chave do filme, uma na sequencia inicial e outra na sequencia final. Vamos a elas:
Sequencia inicial: Durante a ida para salvador o trio para numa rinha de galo. Rola uma briga e um dos caras leva uma facada, o outro quebra uma garrafa e acaba com o cara que deu a facada. OS caras volam para o braco, um esta gravemente ferido, a garota está aprtindo de carona mas decide ficar para ajudar. E no barco eis a imagem fundamental. Um amigo cuidando do outro, e ela junto, cuidando também. Na sequencia final que é absolutamente emocionante, o doretor espelha esta imagem. Agora o conflito está entre os dois amigos, ambos querem a garota, ambos estão no topo do desespero afetivo, e brigam a socos pelas ruas de Salvador. Vão brigando pela Cidade baixa, rolando pelas escadarias e ruelas, se batem de maneira animal. A gente vê pelos olhos dos atores a intensidade de ser uma briga de irmãos. De ser uma briga movida por sentimentos imensos de amizade e paixão, o que torna algo tão violento quase doce, vemos os meninos amigos por trás dos olhos dos homens enfurecidos. Vemos a amizade ferida pela idéia de traição, algo que reside profundamente no imaginário masculino, a parceria sem limites.
Depois se se baterem eles saem sem rumo pela cidade, sangrando por dntro e por fora. Para onde ir? Qual o pinto em comum? Qual o porto seguro onde les devem desembarcar? Eles vão par a garota. Primeiro um. O Wagner, ele chega, ele sentase na cama e ela com um pano mohado em uma abcia começa a cuidar dos feriemntos dele. Depois chaga o Lázaro, senta-se do lado do seu irmão e ela começa a limpá-lo tambem. Eles se olham. Olhos explodindo de choro contido, choro de macho. Ela vai impando ambos e começa a chorar também. A bacida de águá límpida vai ficando vermelha. o filme acaba ai. Não preciso dizer que é lindo e humano. Ao invés de incorrer no clichê de destruição absoluta o diretor aponta uma via afetiva. Quebra a nossa cara e a nossa perspectiva moralmente viciada de que um trio acaba em tragédia. Quebra a nossa viciada visão de que pobre é burro e violento. Quebra a nossa visão de mal e bem. Isso não está em jogo. Está em jgo hmanidade e sentimento. Está em jogo amor fraterno e amor carnal. Que são muito parecidos. Não existe o que fazer. Uns dependem dos outros, os elos que os ligam são de carne e sangue. Fica o gosto perplexo de que as ações humanas não podem ser julgadas por vias apenas racionais, ou vias viciadas em modelos moreias antiquados. Que existem espaços na afetividade que vão contra todos os modelos. O filme é explêndido por mostrar isso de maneira tão cristalina. É um elogio ao amor (seja lá o que esta palavra queirar dizer).

segunda-feira, dezembro 12, 2005

Noiva Cadáver é para garotos qeu não acharam o bilhete dourado do sr. Wonca



eu vi a Noiva Cadáver. É a volta por cima do Burton depois daquele filme insoso sobre chocolates e uma moral devastadora e fora de moda. Todos sabemos que o mal vence na mesma quantidade que o bem vence, até mais, e que sucesso e infortúnio não tem a ver com limpeza de caráter. Mas a historinha do filme dos chocolates acaba nisso, bom ganha mau se fode. Eu sempre fui uma criança blasè, não gostava de brincar com os meninos, era tudo muito físico e violento, eu gostava é de covnersar. conversar com as meninas. ou com os outros meninos como eu. os nerds. e nem por isso ganhei nada. e aliás, acho que os meninos que brincavam de se socar ou de correr devem ter ganho mais pois viraram caras de corpo forte, machos Alfa, que conquistam outros machos e fêmeas. Eu não. Minha vitória é torta e perplexa. Apesar de eu, quando pequeno, ter sido parecido com o menino magrela da fábrica de chocolates. E isso se repete até agora, adulto, o bilhete dourado se transformou em carreira, em relacionamento, em corpo, em sexo, em dinheiro. E possoa afirmar que os garotos magros passam mais trabalho para ver seus sohos brilhando .
Voltado a Noiva Cadáver. è um belo filme. Logo no começo vemos o personagem principal desenhando uma borboleta que está presa num recipiente de vidro. Ela desenha a borboleta, adquire para si a experiência concretizada de ter se relacionado com uma borboleta, o desenho, e depois a solta. A borboleta segue voando pela cidade e nos mostra um mundo frio, desprovido de sentimentos, cinza, onde pessoas feias e rabugentas exercem seus cotidianos. Um mundo thanático, um mundo morto. Ironicamente este mundo é o mundo dos VIVOS.
Vitor vai ser casado com uma menina de uma família com tradição burguesa, enquanto ele é apenas filho de uma família de novos ricos, sem tardição nos altos círculos da granfinagem O casamento é bom para as duas famílias, para a de Vitor, agrega o sobrenome famoso e tradicional da outra família, o que libera todo um status. para a fampília de Vitória, a menina, o casamento vem para sanar uma decadência financeira abrasadora. Bom para as duas partes, lá vão eles se casar. Vitor e vitória nãos e conehcem epssoalmente, e acabam, numa tocante cena ond eele toca piano, conehcendo a menina, ambos ficam apaixonados, um risquinho de vida se ascende neste cenário desolador. No ensaio tudo dá errado pois Vitor não consegue dizer as palavras, o voto de casamento. Ele sai fora, tentando lembrar as frases, e, no meio de uma floresta, diz seu voto de casamento justamente em cima do lugar onde uma noiva a muitos anos assassinada jaz, o que faz com que ela acorde e o aceite como esposo. Mas ela esta MORTA.
Ela o leva para a terra dos mrotos, um lugar algre e festivo, é interessantíssimo perceber o pensamento gótico do diretor emr elação a morte e a vida. A morte que eles nos apresenta é mutio mais a ver com um mundo de imaginação do que com a morte biológica prop´riamente dita. A mrote em "A noiva cadáver" me aprece muito mais uma metáfora do que pode esta além do cotidiano nbanal: a imaginação, a capacidade humana de narrar coisas, de inventar. Mas o coflito está armado. Jovem vivo esta sendo seduzido pelo mundo da morte. E sim, ele vai se deixando levar pois a Noiva CAdáver é cheia de sentimentos. E estabelece com ele um elo realmente afetivo. Mas para que ele e a novia cadáver realmente se unam na eternidade ele deve adicar de seu maior bem, a vida.
Enfim, nã vou narrar tudo, mas no final Vitor volta para os braços da sua amada viva e terrena, e, depois de desmascarar o cara que tinha assassinado a noiva, e que tinha deixado ela nesta pendenga eterna de estar procurando um marido, ela, a noiva cadáver se liberta, trasnformando-se em um furacão de borboletas que se expande em direção ao espaço. è bonito perceber que mesmo frente a realidde mrota do di a dia, Vitor decide encarar a vida, escolhe a sua própria vida, escolhe encarar a ralidade e o seu tempo, escolhe não se jogar de cabeça no undo da noiva cadáver, o qeu seria muito mais fácil. As vz a gente não pensa em dar um basta? Burton, creio eu, tambem está falando sobre escolhas drásticas. Entre estar vivo e sofrer as cosnequencias ou... Vcs sabem.
Não preciso dizer que eu chorava como uma criança no cinema. Não preciso dizer que o Burton atende uma demanda de espectadores adultos com alma de criança, alma de criança nerd e gótica. A noiva é um conto de fadas às avessas, um conto de amor moderninho, para garotos magros que não acharam ainda o bilhete dourado do Sr. Wonca. Para garotos sempre seduzidos pela noiva cadáver, mas que ainda reúnem forças para buscar um amor e identidade aqui em cima, no mundo real.

quarta-feira, novembro 02, 2005

Individuos-Sociedades



estou no meio de um quarto escuro que não é dark-room. Cercado por 5 telas onde são projetados simultaneamente vídeos, é a videisntalação da Marina Abramovic. O tempo e as ações que são mostradas no videos são "montadas" pelo olhar do espectador, já quetu não pode ver tudo a mesmo tempo. Na verdade ela guia nosso olhar colocando um foco de ação mais forte em um vídeo de cada vez, fazendo que os entido seja construido em ação e aos poucos.
A obra mostra um coro de crianças do leste europeu cantando uma canção sorbe as "nações unidas", sendo conduzidadas por outra criança que tem duas caverias completas grudadas ao seu corpo. No tela que fica espelhando esta, vemos uma grande estrela formada pelas mesmas crinaças, e com a criança caveira no centro. Na parede lateral temos duas telas, numa um menino e na outra uma menina, mostrados em close. E finalmente na tela que espelha esta temos a própria Abramovic segurando uma lâmpada fluorescente perto de dois geradores de eletricidade.
É necessária esta breve exlicação do que é mostrado em cada tela para que possamos fazer relações. Abramovic lida com o conceito de coletividade e individualidade. Temos em dois vídeos formações que só são possíveis com o empenho de todos, o canto em coro e a "escultura viva" da estrela no chão. Opondo isso temos os indivíduos mostrados em telas separadas, um garoto, uma garota e a artista. Enquanto o coro canta unido, as vezes, o garoto e a garota começam a cantar uma musiqinha tradicional do leste europeu. E na tela da artista, de vez em quando uma corrente elétrica passa entre os geradores, acaba ligando a lâmpada que ela segura nas mãos. Me passa pela cabeça que o homem é grupo, é social e é indivíduo. O homem canta em coro mas o coro é apenas a união de diversas vozes individuais, cada uma com seu sexo, sua história, seus sonhos e pesadelos. Essa reflexão vem diretamente da imagem da caveira que ela usa como centro dos dois movimentos coletivos, a caveira é o centro da estrela e é o maestro do coral. Pra mim este signo acresce de alma a obra, já que temos em si a consiência da finitude da homem e sim, da sociedade humana.
E o tela que msotra a Abramovic? Bom, a ação que ali ocorre é uam ação de "catalização". A artista segura a lâmpada, que acende quando a energia passa. me aprece que abramovic tem consiência que o artista também é o catalizador das tensões invisíves que ordenam o homem. O corpo doa rtista, sua visão e sensibilidade devoram o mundo para depois o devolver "remixado" em forma de obra.
Pode ser tudo isso. Mas pode também não ser. Este foi apenas o reflexo mais ou menos consciente que eu, observador, tive em relação a obra. Foi o eco da corrente elétrica que passou pelo meu corpo enquanto eu estava em contado com a videoisntalação.
Mas a obra está aberta, só como expemplo, podemos ver uma ponderção bastante direta a o que representa a idéia de estado versuas indivíduo. Eles cantam uma música sobre as nações unidas. Regidos pela morte. Formam uma estrela endo como centro a morte. Cabe lembram que a estrela é o simbolo da união européia. Que morte cultural será que Abramovic aponta colocano seu canto Russo em relação a união européia? Qual a relação das cantigas indicviduais, tradicionais, folclórias russas com este todo formado por uma organização maior? Será que Abramovic também está falando dos pesos e medidas culturais , de perdas e ganhos que envolvem quando uma cultura se hibridiza com outras? Será que também mostra que um ideal de "mundo unido" não passa pela preservação da identidade única e intrasferível de cada cultura, de cada povo, de cada homem como indivíduo com começo meio e fim?

domingo, outubro 30, 2005

DepecheMode.jpg
You're just looking for love. You're very
emotional, and a lot of sad teenagers are going
to turn to you when they feel like shit.
You're also into BDSM, you devil, you.

What band from the 80s are you?
brought to you by

sábado, outubro 22, 2005

Chuva de puta que pariu.


Associada a nossa tradicional falta de público, fenômeno de apatia e burrice da classe média consumidora de teatro, temos nesta tempoada de extinção um novo detalhe maravilhoso: a chuva.
Este é o terceiro fim de semana que chove em porto alegre. E não é uma chuva comum, não, é uma chuva especial, ela só começa sexta feira ali perto das 20h, quando as pessoas que estavam querendo ir ao teatro coemçam a sair de casa e dura até domingo a noite. Depois, segunda feira, tudo volta a ficar ensolarado e legal. Este é o terceiro fim de semana que isto acontece. Estou bem contente com isso. Isso dá mais energia para trabalhar, é ótimo sair de casa e ir levantar o cenário, sendo refrescado no caminho por estas chuvas de primavera. Eu diria que é o apoio institucional da Natureza para o teatro portoalegrense. Pelo menos ainda não está chovendo fogo & enxofre.
:)

Bienal em alguns ecos.

Parte um: Os CONCRETOCHATOS...

E gosto de artes plásticas. Já trabalhei quase um ano na feliz tarefa de ser "mediador" no Santander Cultural. Foi uma experiência ótima. Naquela época comecei a construção de um pensamento formal e plástico, comecei uma reflexão no papel da imagem no teatro e no mundo. Artes plásticam exercem uma fascínio em mim. Mas geralmente acho o contato com o objeto de arte, frio. Raramente me emociono. Minha apreciação costuma ser absolutamente intelectual e de deleite estético. Mas isso não é algo ruim, já que apenas algumas linhas da arte querem realmente travar um contato emocional com o espectador. Na maioria dos casos, pricipalmente falando dos pós concretos e nos concretos, nos abstracionistas geométricos etc... a emoção é vista como um monstro. Eles nos oferecem uam arte seca e dura, lógica e formal.
A 5ª Bienal do Mercosul, desde o logotipo até a curadoria das exposições, dá atenção aos concretos, e aos neo-concretos. Fui vê-los e digo, para mim todo o movimento só me dá bocejos. Fui no Santander dar uma olhada na exposição, que tem um caráter meio "histórco".A reflexão sobre forma e contraforma, espaço, figura e fundo etc parece deslocado em um mundo que , se pensarmos bem, é prenhe de perplexidade, som e fúria. E está deslocado mesmo. Poucos, hoje em dia, se dedicam a sta corrente estética. Minha impressão é que o objeto artístico que trabalha com estas questões não passa de algo"interessante"e que ficou relegado a uma vanguarda que hoje é "histórica", apenas. (apesar de as esculturas do Amílcar de CAstro que estão colocadas em frente ao mercado público incitarem um belo diálogo entre o peso da arte, que se pretende atemporal e acultural, com a movimentação louca dos transeuntes e ambulantes do centro, que estão usando elas como um bom meio de se proteger do sol).

Parte dois: INSTALANDO EM MEIO AOS LOBOS

Depois que sai do Santander fui dar uma olhada no Cais do Porto, lá temos quatro núcleos da Bienal: O da escultura à isntalação. A persistência da Pintura, artista homenageado ( o Amilcar de Castro)e a "exposição especial".
Vou dizer em rápidas palavras que na parte de esculturas e istalações pouca coisa me pareceu realemnte boa. Destaco o trabalho de um mexicano que eu não lebro o nome e que o site da bienal não me ajudou a recordar já que nele só é citado os nomes dos artista sem imagens das obras. Um saco. Ele faz uma isntalçação absolutamente pop e colorida. Luz e plástico. É quase um cenário de lego, feito de objetos formados por contas de plástico coloridas e traslucidas. Nela temos um casal deitado em meio a um artificial e cartoonesco jardim com cogumelos e flores coloridíssimas. Esta casal deitado no jardim me remeteu direamente ao casal primordial bíblico. É interessantqe que o artista faz um contraponto com a apartente palsticidade e inocência das formas e das cores que usa para a contrução da imagem, com um som de selva "real", onde lobos uivam ao longe. Dá para pensar no conflito entre imagem e realidade. Dá para pensar que no "jardim do édem" existe um dedo de terror. Dá para pensar que o belo gurada a semente do feio, que o inocente guarda o violento e aterrador.
Gostei também do cadáver de chocolate que é oresquício de uam eprformance de outro mexicano. Na performance que pude ver em vídeio, el, caracterizado como aquelas figuras tradicionais de caveira mexicana, parte com um facão um dos corpos de chocolate e os divide com o úblico. Ele está com uma cueca que cita a bandeira norteamericana e limpa a boca com um guardanapo norteamericano também. isso eu acho, em verdade uma diminuição conceitual do seuprórpio trabalho. Ele quer falar de exploração das américas, das riquezas devoradas pelos ditos paises do "primeiro mundo". Ma eu tive uma relação bem mais arcaica com a obra. Estar frent a frente a um corpod e humem, relisticamnte esculpido emc hocolate me provocou ecos de antropofagia. É sedutor o corpo nú, é sexual, o cheiro forte do choclate convida que que tenhamos vontade de lambê-lo, tocá-lo. Mas ele reprsenta um corpo morto. E aparce então o desconforto do brilho da necrofilia, de canibalismo. Ao mesmo tempo, a relação do observador e arte, que muita vezes não passa de uma relação de "fagia", comer a obra simplesmente e não, se relacionar com ela.
Exemplo bom disso, é que no dia que neste mesmo dia, a alta cúpula financeira e administradora do Santander Cultural estava fazendo uma aerada visita a esta exposição. Estavam em ando, muito faceiros e interessados. E com alguns fotógrafos em volta. E gente cortejando. ME deu nojo ver aquilo. A relação com as obros sendo epenas uma brecha para o exercício das vaidades. Eles não estvam vendo, estavam vendo para serem vistos, gente de coluna social, um lixo. Predadores, quem sabe os lobos que rondam o edem da instalação que falei.

Parte três: A PINTURA PERSISTE.

A parte da pintura começa com os abstracionistas, mais geométricos, mais formais, e depois vai para os caras menos comportados. Na parte dos que investigam a materialidade da pintura em si, o valor das cores, do gesto pictórico, ds formas, as texturas etc... nada me ecnantou. Acho tudo, como disse antes, bonito e interessante. Mas beleza e curiosidade não servem para mim. Somente beleza não põe a mesa.
O bom é que isso é apenas uma parte da exposição. Ela guarda uma outra metada dedicada aos caras mais experimentais, que investigam os valores inatos a pintura, mas que se deixam trafegar por áreas mais perigosas, menos refinadas, as zonas que tocam o lixo visual contemporâneo, a cultura de massa e seus imblemas, o traço naive, o gesto mais expressionista.
Para mim as obras que se destacam são:
Osvaldo Salerno e as suas pinturas pop-arcaicas. O paraguaio traz uma séire de quadrinhos pequenos atulhados de cores supersaturadas e trasbordantes de desenhos a rpimeira vista horrorosos(figura formada por linhas, o caso dele pintada, ele usa o pincel como lápis). O cara se apropria do estilo de desenhar de quem não tem técnica acadêmica ou formal, o chamado "naive" para dar concretude a um universo que cita o pop, mas que emrgulha no arcaico. No inconsciente. Um belo exemplo é ma pintura que msotra uma m~e beijando um filho com a boca bem escancarada, apertando ele contra o peito e rosto. Ela parece estar comendo o filho. No quadro estão escritos vários bordões clichês sobre maternidade como "mão só tem uma""mãe tem o amor que vem de deus". Mas a figura é aterradora. E os detalhes do quadro, como bixos se devorando e uma janela com ua lua cheia faz a ponte para o que eu chamei de arcaico ou inconsciente. É como se, através do uso dests fromas grosseiras dos desenhos populares, opitor quisesse falar deste inconsciente coletivo, das forças primitivas que estão por trá da camada de civilização dos homens. As outras obras irmãs são assim também, msotram cenas de necrofilia, de animais, de vetegetação selvagem. Colocam frente a frente consiente e inconsciente. Colocam o homem civilizado num panorama de mistério e de fluxos que ele não conehce, e se envegonha geramente. Ao mesmo tempo ele dialoga com a cultura do lixo publicitário, citando até a logotipo da Cavalera em alguns quadros. Muito bizarro, muito bom.
Outro cara massa é um Argentino que, por ineficácia do site da Bienal, não podrei citar o nome. O obra do cara é um desenho de proporções gigantescas, bem realista, em uma parede branca. O desenho em si não tras nada de formalmente inovador, é apenas a reprodução abstante realista de duas cabeças de jovens hones, em relação uma a outra. Eles estão de olhos fechados e o de cima parece estar indo dar um beijo na testa do que está em baixo. Da cabeça do que está embaixo sai uma mancha escura e negra. A imagem é cheia de mist´rio, cheia de espaços para a imaginação do espectador. Eu logo associei, por causa da minha tendência mórbida usual, a um casal de namorados onde um acaba de morrer. A mancha negra eu vi como sangue, sabgua de uam cabeça acidentada. Agora não fiquei chocado. Fiquei comovido com a delicadeza da relação de ambos, a intençaõ do beijo na testa como um carinho fraternal, derradeiro.Mas não paro por aqui, ae fui ler um breve texto sobre o arista e seu método. O texto revela que o argentino busca em filmes pornô gays da internet a pedra propulsora dos seus desenhos. Ele pega um frama que considera interessante e, através da projeção do mesmo em uma parede, desenha com carvão por cima. Isso é um ato totalemnt pós moderno. Eu adoreiter lido isso. O cara, através da apropriação e do descocameno que são operados pelo seu ato artísico, abre ma imagem banal ( o frame de filme pornô) e investe ele de valor conceitual, emotivo e artístico. É como se o artista remodalasse o mundo. E vamos e venhamos, o artista bom remodela sim o mundo, desfoca, motra a reliadade sobre outras perspectivas, torna o corriqueiro estranho para quepossamos reavaliar com outros olhos o banal. O atista não reduz, ele expande.
Como não vou falar de todo que gostei por rpeguiça, acabo o artiguinho comentando a gaúcha já bastante conehcida KArin Lamprecht. Elaé umalouca mórbia total. Ela tem na bienal uma pintura-isntalação-fotografia de dar arrepios. Chma-se "caixa de socorro", algo assim. São vitrines que contém pepéis marcados por um ação artística de karin. Ela vai em lugares que se abaem bixos, cordeiros, etc, e, de posse das suas vísceras e sangue, marca o papel. A beleza ão é propriamente de quão encantadoras são as manchas de sangue e de líquidos internos de nimais no papel mas do que a obra provoca, do diálogo doloroso que ela provoca. Junto a estas impressões de orgão está uma foto em proporções quase humana, de corpo inteiro a prórpia Karin, com um vestido long manchado de sanue. A foto é preto e branco, mas sabendo dos gesto sangíneo m si, abes claramente que a manh é de sangue. E nos pés da foto está uma caixa que reproduz o tamano do corpo dela no chão. uma espécie de túmulo. Não preiso ser muito explícito, mas é intenso ver a relação que a artista fa do ato criador, um ato visceral, litaralmente falando. Seu corpo relacionado as sua pinturas de sangue sugerem que não dá para fazer arte sem botar em jogo o que existe de mais íntimo e vivo em si. Esta pintura-italação-fotograia também sugere uma apropriação da artista em relação ao seu corpo, o caráter de mortalidade do mesmo, a transitoriedade de tudo. Karin é sempre fodona.
É isso.
No próximo post comentarei a Abramovich e sua vídeo isntalação, algo que me comoveu profundamente.
PS: a figura em questão, e a obra em desenho do argentino que não sei o nome.

quinta-feira, outubro 13, 2005

Go with the Flow é clipe com muita carne para tapar o buraco do dente.


Queens of the Stone Age é a banda que tem feito eu gostar das velhas e boas guitarras distorcidas. A primeira vez que entrei em contato com a banda eu tava com um pé o mundo do grotismo, aliás eu o Marcos e o Lisandro estávamos com todos os pés que um ser humano pode ter, afundados completamente no mundo do grote. Tinhamos ido na casa do Daniel, e lá, ele começou a nos mostrar uns vídeos. E um daqueles vídeos arrombou as portinhas da minha percepção. Falo de "go with the flow". É um videoclip feito em animação, apartir de uma técnica conhecida como "rotoscopia" no qual, a partis de imagens capturados em vídeo, o cara através do computador tarsnforma ela em animação.
O enredinho é simples, eles contam um duelo entre dois carros, uma caminhonete com os caras da banda tocando, e um carrão antigo com uma gangue de caras de caveira. É um destes duelos onde os dois carros, em uma grande estrada vão indo um em direção ao outro em alta velocidade até que, para ver quem é o mais macho, um sai da estrada quase na hora de pechar de frente. Agora como eles manipulam as imagens e os códigos que aparecem neste duelo é que faz do clipe uma pequena obra-prima.
Sequência um: A banda, e o primeiro vestígio da morte-sexo.
Um carro entra a toda velocidad em uma auto-estrada, uma pick-up, nela os caras da banda tocam, uma grande lua cheia, eles aceleram, um inseto está cruzando a autoestrada, é esmagado pelas rodas do carro, aparece uma mulher dançando, e o seu dança é fundido com a imagem do braço de uma guitarra levantando, logo mais velocidade e a mulher agora é gigantesca e está deitada sobre a estrada que vai dar literalmente na sua xota (xexeca, sei lá, não to muito acustumado com estes termos técnicos heheh) e o caro dos guris entra direto ali.
Então pessoal, aqui temos umas associações interessantes. A velocidade do carro aponta para o perigo. A velocidade mata o inseto, e esta morte é associada a uma mulher que dança. O braço da guitarra levanta-se como um pau que endurece. Acho que fica clara a relação perigo-morte, com o tesão. O carro acaba indo ditero em direção a morte-mulher. Aquela velha relação frudiana que é a consciência de Thanatos (a morte) que nos impulsiona para o Eros (vida-sexo).
Segunda sequência: nesta é apresentado para o espectador os outros duelistas. São caras com máscaras de caveira em um carrão antigo. Eles também entram furiosamente na pista e a montagem começa a ser de duelo clássico. Mostra um, mostra outro e ele cada vez mais rápidos. No moneto chave do acidente frontal o diretor do clipe monta a batida dos carros com um dos membros da banda indo para aquela mulher que ja apareceu anets de biquini que está toda se arregaçando em cima de um capô de carro. Mais cena do acidente, os carros estão a centrimentos de distância, câmera lenta, fusão com a cena de sexo, as bocas, do cara da banda e da garota do biquine mais próximas, e os carros se batem, lentamente. Detalhe que no capô dos carros estão desenhos, no da banda, um símbolo que parece uma flecha, e no das caveiras, um círculo que parece um triblal com a cara de um dragão ou serpente. A flecha entra no círculo do dragão e da colisão dos carrros explode uma onda de espermatozoidezinhos que vão voando no meio de um caleidoscópio de cores em todas as direções.
Bom, não quero simplificar nem explicar nada, mas no meu ver ae se explicitam as relações que o diretor faz em termos de morte e sexo. A consquista e o sexo como um duelo e o orgasmo como uma pequena morte.
Sequencia final.
Cabe ressltar que até aqui o clipe teve uma direção de arte usando só o trio clásico de cores do nazismo e da coca-cola light: preto branco e vermelho. Depois que os carros batem, a câmera segue a flecha-símbolo da banda que sai voando em meio a uma explosaão de espermatozóides e cores do arco iris. O cenário que remete à realidade, um deserto cheio de catos se deforma e apartis de agora tudo é cor e movimento, psicodelia ser o termo. A mulher que aparece no clipe inteiro dança multiplicada um várias, cada uma de uma cor, sua língua gigante lambendo os lábios enquando a flecha viaja a mil por formas mutantes. Depois disso a flecha volta ao mundo preto vermelho e branco, parao mundo da estrada e vemos novamente o carro da banda que agora deixa um rastro de fogo e acaba indo em direção a um enorme sol que nasce no horizonte e toma a tela inteira com seu fogo e brilho.
Poisé, o contraste de cores é interessante, depois do choque a liberação dos sentidos Não existe mais limites, tudo é cor e movimento, é o reino de Eros total, os espermatozóides voam, as cores voam e se multiplicam, a garota dança loucamente. É como se este perigo, liberaçe a criação. E como se fosse necessário ao artista e ao ser humanos e arriscar para obter uma expansão da vida. Acho que esta talvez seja uma boa chave para a interpretação do clipe: o processo criativo (no caso metaforicamente msotrado através dos caminhos que a banda vai percorrer) como manipulação de forças antagônicas e complementares: morte-vida, noite-dia, duelo-sexo. O clipe termina com o carro indo em direção ao sol, e cabe lembrar que ele começa numa noite. Fechamos com a idéia de um mundo sombrio e noturno, um mundo de enfrentamento e morte, que depois de experimentado, libera a cor, o prazer, o sol, signo bastante comum da razão, do coroamento, do êxito do produto artístico-humano-sensorial que vem à tona.

segunda-feira, outubro 10, 2005

Escafandro estético num mar de merda líquida



É impressionante como o fenômeno chamado de "público" é instável. Este foi o segundo fim de semana em cartaz com o esptaculo EXTINÇÃO na Sala Álvaro Moreyra. Pois bem, se 6 apresentações tivemos que cancelar uma, e enste último domngo, deveríamos cancelar outra vez já que tivemos a presença de 6 pessoas, 6 seres humanos que sairam das suas casas e foram assistir Extinção. Nós deveríamos ter cancelado já que a nossa equipe soma8 pessoas e o número de platéia não chegou nem a isso. Mas fizemos. E vou dizer o por que.]
A- Por que a gente faz EXTINÇÃO mesmo se enchendo de dívidas e tendo ódio da burrice da platéia?
Bom, para começar, apresentar um espetáculo não sinifica chega no teatro às 20h, botar as roupinhas, pintar a cara e se jogar. Não. As salas da prefeitura funcionam por "revezamento", ou seja, no mesmo dia se apresentam duas peças por lá, uma nfantil e uma adulta. Isso na verdade é ótimo pois dá mais espaço para os trabalhadores do teatro exrcerem suas funções, ao mesmo tempo, é um saco tu ter que montar e desmontar o teu cenário todos os dias. E mais saco ainda é ter que montar e desmontar um cenário numa sala que NÃO OFERECE CONDIÇÕES PARA QUE ISSO SEJA FEITO DE MANEIRA FÁCIL E RÁPIDA. Sim, a Sala Álvaro Moreyra ta abandonada. A única vara de cenário, lá atrás, é fixa na parede (ela não desce até o chão para que a gente possa preder o cenáro e depois subí-lo) e tem um tamanho ínfimo. Eu não entendo como fizeram uma barrinha de cenário que não comporta toda a largura da sala. Além do mais, ela foi "esticada": como ela é um cano de ferro, colocaram nas suas duas etremidades, varas de madeira, para ter mais comprimento, mas estas varas de madeira, por motivos obvios, vergam, deixando torto qualquer cenário que ali é posto. COMPREM POR FAVOR UM CANO DE FERRO QUE VÁ DE UM CANTO A OUTRO DA SALA POR FAVOR,, SE A PREFEITURA NÃO TEM DINHEIRO FAÇAM UMA VAQUINHA, DEVE SAI COM A COMPRA DO MATERIAL E ISNTALAÇÃO UNS 150-200 REAIS.
Iluminação: Fizemos uma temporada anterior na Álvaro. A sala em maio tinha disponível para a ilminação uns 30 pontos de luz. Agora estamos com uns 24 pontos. ou menos. E temos que dividir estes parcos refletores com o infantil. O fato é que tanto o iluminador do infantil como o nosso iluminador precisa remontar a cada apresentação TODA A LUZ. Eles tem que reorganizar os refletores, reafiná-los, e reprogramar a mesa. No nosso caso no tempo de uma hora. Já que demoramos umas duas horas para montar o cenário depois da desmonatagem do cenário da peça infantil. Um absurdo. Aliás, de onde sai a grana que estamos investindo em alguguel de mais uns pontos extras de luz? Do nosso bolso como sempre.
Infra: É fato que o espetáculos contemporâneos uam e abusam do recurso do vídeo. Hoje em dia, ter um vídeo disponível no teatro é como ter um Cd player. Vídeo, dvd e projetor. Bom, não preciso falar que, se nem os pontos de luz são repostos quando as lâmpadas queimam, como sequr querer que o complexo Renascença- Álvaro Moreyra tenha pelo menos UM PROJETOR DE VÍDEO?????? Heim heim heim? A nossa peça se utiliza de vídeo. E temos que alugá-lo por cento e cinquenta reais o fim de semana. E temso que apresentar a peça no domingo, num hoáio que afugenta as epssoas, as 21 horas, pois simplesmente não tem como montar a peça em menos tempo. E o público reclma do horário tarde já que o centro Municipal de Cultura é uma ilha isolada numa região cheia de maloqueiros, onde os assaltos gritam a todo momento. Argh.
Outro detalhe importante a salientar neste preocesso que é fazer uma unidade de apesentação do espetáculo EXTINÇÃO é que temos que pagar o bilheteiro-operador de vídeo e o iluminador. Dois profissionais essênciais para que ocorra a peça. E temos que pagar o teatro. Tendo ou não tendo público temos que pagar o teatro. Dizem que isso é para forçar os grupos a batalharem por público. HEy, mas temos que batalhar por gran para vídeo, gana para paar nossos técnicos, força do nosso trabalho numa sala que temos que IMPROVISAR TUDO, onde colocar um cenário é uma saga bastante sudorenta e tem que ser repetida TODOS OS DIAS. Acho que esta equeção deve ser repensada. Como pensar em ARTE ou TÉCNICA de representação no meio deste tumulto todo? Como achar espaço para burilar os atores antes da apresentação, durante o aquecimento, se eles estão pendurados em escadas, como usar o espaço para se concentrar se temos que refazer tod a luz. E mais, como manter a energia se depois de tudo isso, prontos e pintados, aquecidos, conectados com o frágil mundo das emoções, aparecem apenas SEIS ESPECTADORES?
Temos também responsablidade sobre isso. Deveríamos ter posto já a duas semanas a chmada na RBS. MAs agora eles cobrtam 150 pila para ter a autorização de uma produtora de vídeo. E não tmeos dinheiro. Mas vamos fazer uma vaquinha e vamos pagar. será quevai ter público? Não sei. TAmbém temos que enteder que deve ser uam aventura sair de casa num domingo às 20 horas da otie para ir ver um espetáculo chamado EXTINÇÃO (eve ser coisa depressiva não é? é MUITO DEPRESSIVO SIM!). Mas foda-se. É opção. Se eu quisesse apenas divertir as pessoas eunão teria investido 7 anos da minha vida em um aprofundamento acadêmico da minha profissão (sim fiz 7 anos de ufrgs, o que corresponde aos meus dois bacharelados, interpretação e direção). Como encontrar sanidade no meio disso para contruir teatro verdadeiro, teatro que responda as minhas necessidades e as da minha equipe, e que esteja conectado com o mundo real, e com o sistema de arte? Como?
Não existe glamour nenhum. Mas exite a crença de que isso, o teatro, é resposta sim, para um monte de coisas, antes de tudo para a gente, que faz.
Resolvemos apresentar paraas seis pessoas. E digo que foi lindo. Os atores brilharam. Foi um presente ver como cada um deles usou sua alma, encheu aquele vazio todo do brilho da sua arte. FOi lindo ver a dignidade ancestral que é, mesmo nestas condições oferecer o MELHOR que temos para o público que nem sempre é generozo. Foi lindo e emocionante. Nos conecta a nós mesmos. O prazer da apresentação luminosa foi um alívio para a aquipe magoada. No final, depois de uma corneta de ervas antigas, desmontamos o cenário rindo e girando, em coencção o os espírios ditirâmbicos. Depois fomos jantar. Só gente com muito coração para comemorar um fracasso, ou azer de um fracasso um ucesso, sucesso de hmanidade, de espírito de grupo e de espírito de artista.
Mas não estamos conformados e não vamos calar a boca. Queremos melhores condições de trabalho. Queremos que as pessoas tmbm nos vejam. Por mais sórdido que seja o público, é pra eles que a gente faz. O Thomas Bernhard falava que odiava os seres humanos, mas que não cosneguia viver sem eles. É o nosso caso. Ou o meu caso, em particular.

quinta-feira, outubro 06, 2005

Isto não é um fotologue. (nem um cachimbo)

"quando eu era pequena eu dormia encolhidinha e a minha mãe, ela se esquecia, se esquecia de esticar as minhas pernas para que eu pudesse crescer"
ta ae a Sissi bombando o EXTINÇÃO, com o Marcos ao fundo. Me orgulho dos meus atores. O Lisandro, a Evelyn, o Marcos, a Sissi e o Rodrigo. Atores e amigos. Artistas de teatro e artistas da arte. Me orgulho também da galera que ajuda o espetáculo, (a Lucia Panitz, o Jô Fontana, o Mateus, o Roger, o Jotapê entre outros tantos). Pessoas que acreditam que arte seja um espaço de respiração neste mar de bosta líquida e perplexidade que a gente vive. Neste mar de falta de sentido.
Pois bem caros leitores. ASSISTAM O ESPETÁCULO, OUVIRAM BEM!!!!! Ele é fruto de muito suor e de um grupo que acredita piamente que o GIRO promovido pelo TEATRO é pelo menos um exercício para UMA VIDA MENOS BOSSAL.
EXTINÇÃO: ATÉ DIA 20 de NOVEMBRO
Sex Sab e DOM, às 21h
na Sala Álvaro Moreyra
ps: a foto é do Jorge C. Bueno.

quarta-feira, outubro 05, 2005

mpalermu celebra o teatro e a vida.

MPALERMU.
Era domingo pela noite, 21 horas, fim do Porto Alegre em Cena. Fui assistei a uma peça italiana que no dia anterior, eu mesmo tendo ingresso, havia desistido por intoxicação teatral. MAs meus amigos viram e medirsseram para ver. E lá fui eu. Eu e o Rodrigo. Pois bem. Palco vazio. Num corredor de luz alguns atores, (uns sete ou oito) em fila, de frente para a platéia um ao lado do outro. Conversam sobre uma saída. um passeio que eles vão dar. Vestem-se, e por uma bobagem, a calça de um é considerada curta pelos outros, começa uma sequencia deliciosa de ações em frenezi. Não sei como explicar a linguagem da peça. Mas vou tentar. Os atores pegam cada "situação dramática" e atravéz do uso do corpo e da manipulação da energia, expandem esta ação ao seu paroxismo. Peguemos como exemplo a cena da calça. Após uma discução verbal sobre se a calça é curta ou não, todos começam a girara em torno do personagem de calças curtas,. e este tira o cinta e fica dando cintadas nos pés dos outros personagens, que pulam e giram. Ou seja, temos uma situação simples de confto, que não esqueçamos, é a base do teatro dramático, e expadem ela para uma imagem hiperbólica, corporalizando no espaço este drama que poderia ser apenas mental.
Apartir disto a tentativa de ida se torna um pretexto para várias situações que variam do cômico ao grotesco total. Eles vão levar doces para alguém. Todos tem doces na mão. Um deles começa a comer os doces desesperadamente, os enfiando na boca, até vomitar. Depos eles tem sede. COmeçar a beber em epquenos copinhos, em fila, até que a imagem se distorce e eles começam a beber desesperadamente, e após, se jogar água e dançar, pelados. Assim a peça vai indo. Sempre começando com conflitos simples que são amplificados pelo jogo corporal, contando uma história aparentemente simplezinha. Gente comum, uma família que vai tentar sair, e que se depara com desejos confitantes também abstante simples: a fome, a sede, a incapacidade de se entrar em um acordo, a diversão. No final após inúmeras andanças, ocorre uma morte, e oe spetáculo finda com os atores deformados pela perplexidade da perda, lembrando a imagem bastante conehcida do "O GRITO" de Munch.
Agora digo que á história é aparentemente simples pois na verdade a encenação na realidade é uma reflexão espetacular do fenômeno do teatro. Se pensarmos que para haver teatro é apenas necessário um espaço vazio, alguém que atravéz das suas ações conta uma história para alguém que a vê e a ouve. Assim temos a aqueção primordial do teatro. um que faz um que assiste num espaço. Além desta equeção abstante simplificada, acabo percebendo que essencialmente o teatro tem em si uma especificidade de estrutura que o aroxima assustadoramente da vida humana. cada apresentação teatral é única, como cada via humana é única, pois como a vida, ela se dá em função do tempo, nunca igual. Como a vida humana o esptáculo nasce, se desenvolve na frente dos olhos dos espctadores e por fim morre, deixando apenas as memórias e as cicatrizes desta troca que houve naqueles precisos e não repetíveis instantes. Como a vida de um homem. E em Mpallermu, segundo a minha visão, a minha conecção com o espetáculo, temos justamente no plano da narrativa esta reflexão sobre o próprio fazer teatral. Sobre o espetáculo em si, sobre o fenômeno teatral. Contando a história de uma família que nasce, se diverte, tem fome, tem sede, se diverte e briga, e morre, o esptáculo elogia a prórpia essência da linguagem dramática. Disseca sua estruturas profundas e as expões com graça e profundidade para o público. Confesso que saí do espetáculo com o peito apertado e ao mesmo tempo feliz, tendo a sensação de ter presenciado uma celebração do teatro como arte única, simples e dilascerante como é estar vivo.

quinta-feira, setembro 22, 2005

Uma crítica por email

(o Rodrigo Monteiro me encontrou na saída do Walmor "Um homem Indignado, peça belíssima" e me disse: e ae, te mandei uma crítica sobre oe xtinção faz horas e tu não me falou nada... Eu disse: menino, não recebi, mande novamente. E ele mandou. e eu to postando ela aqui. Viu Rodrigo, desta vez eu li!)

"Cada vez mais eu amo aqueles amam a intensidade. É engraçado como esse amor, essa admiração, tem crescido em mim ano após ano. Talvez, deus me livre!, seja porque eu esteja ficando mais superficial... Eta vidinha...
Ontem fui assistir uma peça de teatro chamada "Extinção, a impossibilidade da morte na mente de alguém vivo". E que show de intensidade... Sabe quando você não consegue se desgrudar das cenas que vai assistindo... É como se você estivesse, ao mesmo tempo, vendo dois filmes muito interessantes em televisões diferentes e lutando arduamente para prestar a atenção nos dois. Eu me vi, várias vezes, refletindo sobre a história contada e a história que conto no dia a dia da vida que vou construindo. Eta vidinha...
Duas atrizes dominam a cena. Dominam a história. Metem-se na nossas reflexões, quase que determinando as coisas por nós. Bedelhudas! Gosto dessas que se jogam no mundo seja ele paralelo ou oficial até porque já não sei mais qual é mundo oficial e qual é o mundo caixa 2. Mas elas se jogam, energia, força, entranhas... Parto com dor mas não pra por pra fora uma vida, mas o contrário: pra ganhá-la, ficar com ela mais um pouco. Eta vidão...
Já conhecia o diretor de outro espetáculo chamado "A Serpente"! Que pessoa odiosa! Questiona, subverte os estereótipos, não retrata, nem mascara... Não copia, nem sugere... Ele impõe a totalidade, a vivência, a realeza (que vem de realidade, de beleza e também de aristocracia) da vida como ela é. Um guri de 27 anos... Baixinho... Meio gago... Magrinho... E inho o bastante pra entrar nos buraquinhos dos poros do ser humano que lhe cruza e se achar no meio, na essência, no cerne. Abusado! Taí o dinossauro que construiu... Nós... O ser humano... Em extinção... Eta vida morta!
Cada cena da vida é inteira... Estamos em extinção. É um fato... Os jornais mostram. E não me venha com esse papo de valores sociais... Me venha, se quer mesmo vir, com a repercussão dos valores vivenciais. Daqueles conceitos que nasceram da experiência... A visão de um pássaro que voa no céu. As idéias que surgem de um poema de Adélia Prado ou Florbela Espanca. Os suspiros de pôr de sol colorido e o assobio de um vento a beira mar, beira rio, beira qualquer coisa... Estamos na beira. Eta margem!
Se a vida é um rio, a morte é a margem? Por que corremos para a margem e não para o centro do rio ou do mar? Por que permitimos que as ondas nos ajudem se elas nos levam justamente para a areia... O que tem mais vida? A areia ou a água salgada?
Há pessoas que cruzam as correntes. O João Ricardo, diretor, é uma delas. A Evelyn é outra. Também a Sissi e os demais... Não os são aqueles que não trocam... Porque, sim, nessa e em outras histórias há aqueles que tem mas não trocam... Eta vida egoísta.
Coisa mais ruim ver algo em cuja cena não há troca. É bonito. É técnico. Como a peça que vi no domingo e nem vou dizer o título... A energia da vida nasce de duas pessoas. A vida está na junção. Pois um ator joga o fio e o outro segura. E assim vou descobrindo a beleza do que vivo agora... Trocando... Brigando... Aos gritos... Mas gritos ouvidos, sorrisos ouvidos, cobertor trocado, preces respondidas por um Deus ao meu lado.
"Extinção" é um ótimo espetáculo e deve ser visto. E que deve ser comentado. Tudo isso para que haja a possibilidade da vida na mente de uma sociedade cambaleante e moribunda. Uma raça que se ajoelha para beber uísque e anda de cuecas em meio ao frio cortante. Eta tudo... "

Bom espetáculo!

Rodrigo Monteiro São Leopoldo, 12 de maio de 2005

sábado, setembro 17, 2005

Endstion America é um alívio!


Finalmente, depois de uma semana de POA em CENA, vi algo que realmente me enlevou meu espírito, encheu meus os olhos e me pôs para pensar. Uma peça ótima. Não tenho medo algum de começar de maneira hiperimpressionista: gostei pra caralho. adorei. Eu to falando de "Endstation America" peça do Volksbhune, teatro estatal alemão, dirigida por Frank Castorf.
O espetáculo se insere na nova "onda" do teatro contemporâneo em reler textos clásicos. A peça se apóia dramaturgicamente em cima de "Um bonde Chamado Desejo" do Tenesse Williams. Agora, Tenesse está longe de ser um clássico, consideramos clássicos apenas os gregos, certo? Mas tá, vamos dar uma flexibilizada no termo, é clássico "um bonde" por ser um grande texto contemporâneo, apenas isso. Virou filme com MAron Brando, estas coisas que agregam valor a uma obra. Um bonde também é um retrato de uma américa do norte que se encontra desenraizada, anaxada a uma cultura de escravista e quase feudal que o novo capitalismo suplantou. Mas enfim.
Vou falar um pouco da encenação. primeiramente temos um espaço bastante limpo, um apartamento com cozinha, um banheiro que stá isolado dor esto da área de interpretação mas que tem seu iterior visível através de uma televisão que continuamente msotra o que está acontecendo dentro dele. E uma cama de casal num canto. O cenário lembra um pouco o clima estranho que a direção de arte dos filmes do David Linch tem. Ele é em parte forrado com madeira de pinho bem aparente, vulgar, e tem ao lado da porta central um daqueles dadrinhos de crianças tristes (aqueles que se tu olhar por um espelho a meia noite tu ve um demônio), puro beboche. tdo este cenarião é suntentando por motores provavelmente hidráulicos, e em momentos chave da peça o cenário simpelsmente se ergue totalmente, virando tudo de cabeça pro ar. Literalmente.
Neste espaço super despojado os atores contam da sua maneira muito prórpia a história do "Um Bonde". O diretor parte do princípio que todo mundo conehce a história. A irmã mais velha, rica-falida vai morar no aprtamentinho d airmã suburbana e acaba sueduzindo-sendo seduzida pelo marido da irmã, um bronco total. No final ele fica louca, bêbada e se descobre que o apssado dela esconde diabrurars tais como se prostituir para um batalhão inteiro de milicos e seduzir seus aluninhos do colégio. Ela si de cena carregada por médicos e diz a famaso frase "eu sempre dependi da bondade alheia". ams isso não interessa para o diretor. O que interessa o CArstoff? om, acho que interessam várias coisas, a peça abrange muitos níves de leitura. eu posso começar dizendo que vi uma crítca clara sobre o modo de vida nortamericano. um país de imigrantes (lembrem-se que o núcleo de personagens da peça do tenesse é de imigrantes, e descendentes de imigrantes, poloneses, franceses) que perdem sua cultura original e são abarcados pela cultura de massa e de consumo que rege os EUA. para exemplificar isso comento um momento da peça. Depois de Blanche falar para a Stella que seu marido, o Stanley Kowalski, é um macaco, um símio descontrolado, um bruto, um animal. Após isso a porta se abre e entra um ator fantasiado de gorila em cena, segurando um caixa de chicletes gigante. É o Stanley, eles agem como se nada tivesse acontecendod e errado. O efeito é MUITO cômico. E Stanley fantasiado de macaco assumo o discurso absurdo da situação e conta que estava fazendo a gravaçãod e um comercial de chiclete, mas que "a girafa" ficava sempre na frente dele, e que ai nãio ficou legal" Ai ele começa a cantar uma música tradicional polonesa, e no meio dela, troca alguns versos para coisas como "compre o chilcé tal... é refrecascante, faz bem pro hálito, etc etc etc". Acho que fica clara a brincadeira do diretor com um: o texto da peça. Do discurso metafórico de Blanche (a animalidade de Stanley) para sua concretização ao pé da letra em cena. (ele vestido de macaco). A canção tradiconal que ele canta sendo transformada em uma jingle de venda de chicletes, o que mostra bem o processo de "aculturaçao" que estes personagens estão sofrendo. Perdendo raízes.
Outro plano possível de leitura e que se agrega bem à crítca aos EUA é a descontrução de linguagem que oa atores e o diretor fazem do Realismo. PAra tanto a encenação pesca os clichês mais infames relacionados ao realismo e a estética do Tenesse Williams, pesca estes clichês e os retrabalha através de expedientes como repetição ou hipérbole, fazendo com que els pecam o sentido, e sejam sntrumento de reflexão sobre lignuagem e sobre o texto. Exemplifico: Stela sofre violência de Stanley, ele a pega como uma boneca e num ritos exual grosseiros a abusa. Ela, jogada no chão, se arrasta pelas paredes. Issoé m clichê de situação realista, se arrastar no hção depois de uam cena de violência. Só que todos os outros personagens começar a se arrastar pelas paredes junto a ela. Ouseja, pela repeiçãod a marca o diretor esvazia o sentido mais "dramático" que ela poderia ter fazendo com que fique cômica, dandoe spaço parao públicor refletir sobre a liguagem que o relaismo se utiliza. Ou que o teatro aprendeu a usar quando lidando com estes textos. E este expedianete o diretor usa em vários momentos. Sempre criando humor e esvaziando a carga dramática.
Um outro plano a ser refletido é a multimídia queé usada com uma elegância ímpar. A tv semrpe transitindo as cenas que ocorrem dentro do banheiro. É ótimo, os persionagens aceitam que a televisão seja umc anal de comunicação e contracenam através da tela. Um olhando e outros no banehiro. A imagem do banheiro visto de dentro pela câmera lembra muito as tomadas do infame programa de televisão Big Brother. Depois mais pro final da peça eles retiram a câmera de dentro do banehiro. Stella está quese ganhando bebê, Stanley afila dando seus textos, filma a Blanche no momento onde ela recebe a passagem de ônibus para sair fora de uma vez portodoas, e no meio do discuro raivoso de Blanche, Stanley a dirige, "Calma, você está fora de quadro". Interessante isso. Dá margem para pesarmos sobre o papel da imagem hoje, sua relação com a vid real e com a ficção. Ja não se vive mais, se vive para ser msotrado, os 15 minutos de fama propagados por Warhol são agora uam realidade.
E por falar em Warhol, o diretor se apoia claramente sorbe as idéias do ícone POP. Em umd ado momento da peça os personagens debatem sobre a cantora NICO, ex amante do Lou Reed e produto de Warhol. Nãosód ebatem como o warhol aparece na televisão, em um documentário sobre a POP art. A história de Nico, que é contada na peça tmbm é um veio de leitura muito interessante e fala sobre aculturação. Os personagens contam que Nico era uma cantora alemã que foi pros States e lá se enamorou do Lou reed, e ele a destruiu. A velha história do imigrante. Como Stanley é. Etc.
Mas o apelo a POP ART não para ai. E proprio da pop usar subprodutos da cultura de consumo para jstamente atacar esta mesma cultura. Lembremos da sopas campbell de Warhol. Na peça temos o chiclé gigante que lembra as muito a instalação de caixas de sabão do Warhol, BRILLO. Na cena do poker os eprsonagens imitam uma boyband e cantam Britney spears em cora. Hilário. E pós-moderno. e POP. Além disso o diretor cita filmes como Psicose. Na cena onde Mitch flerta com a Blanche entra derrepente em cena uma cadeira de rodas com um esqueleto vestido de velha. Blanche está no banheiro e Miche começa a ter um diálogo consigo emsmoafzendo o papel de si e da mãe morta. Ele pega uma faca gigante e va parao banheiro. Depois da cena aida ironiza a própria encenação: "com todos estes probelmas de família ainda enchemos a peça de citações". Ai como é bom o deboche inteligente.
Acabo estes pequenos e confusos escritos falando que o trabalho dos atores é fantástico. São verdadeiro clowns, tiram sarro de tudo, puxam o tapete uns dos outros, e exploram seus corpos e vozes de maneira muito linda. Estão se divertindo em cena e compartilhandoe seta diversão a todo tempo com o público. Vndo a peça se tem a certeza que ela não fo construída pro um diretor autoritário e que chegou com idéias pr[é-concebidas. Vê-se pela fartura das situações ciorporais queali teve muito laboratório, muita descoberta. Vê-se que a peça é frutode atores em pagos e bem alimentados, gente inteligente e que ganha bem para se desenvolvber como profissional e artista. Coisa que só ocorre mesmo nos países "desenvolvidos" (que trash esta palavra, mas eles ganahr grana para trablahr e nós não)). Nós aqui da Terra Brasilis temos que batalhar a grana em mil fontes ao mesmo tempo, produzir com o mínimo necessário e não podemos nos dedicar com tanto furor e tempo à contrução dos nossos espetáculos. raramente temos tempo de "pesquisar linguagem" Ninguém paga ensaio, inguém pagapesquisa. É uma pena. Mas tmbm é ume estímulo a bucarmos formas cada vez mais eficases de patrocínio. Formas que possibilitem pensar o teatro não apenas como contrução de espetáculos, mas de espaço para investigação de lignuagem. temos que encontar espaço para que aqui, mesmo sem apoio estatal intenso, possamos contruir um teatro vivo e em pleno diálogo com o mundo e com a contemporaneiadade em termos de arte.

quinta-feira, setembro 15, 2005

Pau no Eduardo II (que trocadalho do carilho, heim?)


O Eduardo 2º foi escrito pelo MArlowe, autor inglês contemporâneo do Shakespeare, mas que, segundo consta, tinha um pé no bafão fortíssimo, vivia bebendo e devendo grana, brigando em tabernas nojentas e acabou sua rápida e fulminante vida com uma facada no olho. Dizem por aí que ele morreu por que devia m dinheiro, mas tmbm se especula que ele foi vítima de um golpe meio político, já que era persona non grata, acusado de ser gay, ateu e estas coisas que incomodam quem acha que é "normal". Poisé, imaginem o texto do cara, simplesmente é a história (baseada em fatos reias, sim aconteceu, shakespeare e esta galera adoravam escrever dramas apartir da memória histórica) de um rei inglês que depois de uma certa idade, já casado e com poder consolidado, rasga a seda e assume sua paixão por um "filho de um açougueiro" o jovem Gaveston. Assume para todo mundo. Ai as coisas vem abaixo, a corte se sente humilhada, pois além de ele estar com um macho ainda não sabe lutar bem na guerra que ta rolando. A rainha perde o rebolado e se junta com um Conde, o Mortimer, e juntos armam, apoiados pelo clero, a morte do amante de Eduardo. Matam e depois prendem o Rei e tentam uma "caçassão" voluntária. Mas o Eduardo não arreda o pé e não cede a coroa. Dai como era de se esperar, matam o sodomita. Na peça matam enforcado, na realidade "Although it was later rumoured that he had been killed by the insertion of a piece of copper into his anus (later a red-hot iron rod, as in the supposed murder of Edmund Ironside), the news of his death was in fact falsified, and the ex-king transferred to Corfe Castle in Dorset, and still later to Ireland, where he remained in custody until Mortimer's fall in 1330. He probably died overseas in 1341. " Ou seja, dizem que morreu com um ferro em brasa metido no cu. Para quem não sabe vale relembrar que:

do Lat. sodomitas. 2 gén., pessoa que pratica a sodomia.
de Sodoma, top.s. f., acto sexual que envolve relações anais, entre um homem e uma mulher ou entre homossexuais masculinos.

Um pouco de cultura não é? Mas voltando ao sodomita, digo, ao rei Eduardo II. Comecei a falar dele e do autor para falar sorbe a peça que vi no POA em CENA. Sendo sincero, teatrão é elogio frente ao que vi nos palcos do teatro Renascença.
A direção do espanhol Etelvino VAzquez é primária. Em um cenário que poderia ser interessante, uma área quadrada no meio de cena, demarcada com um carpete vermelho, e circundada de 4 pedestais que lembram velas de um navio. E no fundo, no lugar da rotunda, cilindros de madeira que fazem quase o papel de uma cerca, ou grade. Só isso. E um obelisco de madeira que fica meio escondido e meio aparecendo na direita alta do palco. Acessório que não entendi se estava dentro ou fora de cena. Neste cenário, com a ajuda ainda de dois bancos que jamais saem do lugar, o VAzquez conta a história do MArlowe de maneira acadêmica no pior sentido da palavra. Sua marcações resumem-se a entradas e saídas de cena. Não existe preocupação com o gestual, quando exite diálogo um personagem fica em frente ao outro, ou sobre um um dos bancos formando uma "imagem" estática da cena, que só se desmancha com a saída de um dos personagens. Sem inventividade alguma.
Os atores davam o texto de forma gradiloquente, falsamente emocionada, over, esquecendo-se do lugar comum que diz "o ator não precisa necessariamente se emocionar, tem é que fazer com que o público se emocione". Mas como vou me emocionar, como público, se vejo os atores apresentando seus personagens de forma caricatural? Risadas de diafraga, como lembrou, a Lu Kunst, choro técnico, voz modulada artificialmente, tensões extras no corpo dos atores (a rainha além de ter uma chuquinha trash no cabelo, levanta os ombros para dar o texto, aliado a um vestido vermelhão de veludo com um detalhe de ombros tomara-que-caia com um tecido que lembrava o efeito de uma meia arrastão: uma figura dantesca), artificialidade, falta de vida, falta de entendimento das dimensões expressivas do corpo e do espaço. Como posso expressar minhas sensações vendo o espetáculo em palavras?
Outra "cereja no bolo" foi o rei Eduardo se "desmunhecando" no começo da peça. Como assim? Quer dizer que para msotrar um gaypara a platéia o diretor tem que usar de recursos que beiram a linha de programas de humor baixos como os fartamente apresentados pela televisão?Chato de ver. Depois de uns 20 minutos de peça e já estava sendo contaminado pelo espírito do sono. Morpheus soprava seu pozinhos nos meus olhos enquando os atores DECLAMAVAM o texto de Marlowe. Não dormi por esforço tremendo. O que era para ser uma história envolvente e super atual, se transformou num amontoado de clichês que beirou o insuportável.
Para arrematar, o cenário não funcionou em uma hora que os personagens erguiam um cortina de tule preto no fundo do teatro que, deus, não sei para que servia. Então a cortina ficou pendurada meia boca depois de o cenário ter quase despencado. E atravancando os atores que tinham a marca de passar por trás dela e volta ao meio da cena. Feio. Muito feio.E como a sensação de cansasso foi se alastrando e os bocejos na platéia amentando conforme a peça se estendia nos seus mais de uma hora e meia de duração, comecei a ficar atendo nos descuidos da produção, figurinos caretésimos, de mau gosto, com uma abordagem caricaturesca também, linahs grossas tecidos grossos, lembrando teatro fetiches de teatro infantil. Deixaram tambpem a porta do camarim aberta e com a luz ligada que vazava em cena e dava para ver os atores saindo e entrando. Black-outs desnecessários e frequentes, etc etc etc...Bom, poderia ficar mais horas e horas desfiando um rosário interminável que coisas que me incomodaram na peça.
Mas o que mais incomoda é tirarem toda a dimensão crítica de um texto tão cheio de qualidades, um texto que fala de um mundo hostil para com as diferenças (sociais, afetivas, etnicas, religiosas), o montando de forma tão convencional... ou pior, descuidada. Marlowe, com sua fúria de enfant-terrible, se visse a esta montagem, ia jogar frutas e verduras podres no palco, como faziam os espectadores da sua época.

terça-feira, setembro 13, 2005

"Las Putas de Mierda" botam dedinho no cu da cultura de consumo




Sex segun Mae West é um texto do dramaturgo alemão René Pollesch, um agitador da cena alemã contemporânea. Pollesch diz que não quer suas peças sejam impressas, elas foram pensadas e escritas para serem ditas, e ditas um uma mis-en scene que ele mesmo desenvolve como diretor. Esta "forma" de dizer segundo os críticos e segundo o que eu mesmo puder conferir na direção de Luis Ureta, diretor chileno, que me pareceu seguir fielmente as indicações e meios que Pollesch usa em suas peças. A multimídia como sustentação do jogo cênico: videos que dialogam com a peça. Microfones. E techno bem alto. E uma interpretação seca, sem subtextos, os personagens falam o que pensam, e falam na cara, sem metáforas, aos gritos. A peça através destes multi-meios alcança um status de performance, desdramatizando e nos fazendo assimilar as questões do texto pela imagem, pelo som e seus intensidades, pela música e pela luz, como num videoclipe. Uma sequencia ótima é quando uma atriz, a MAria, dá um texto com a cabeça dentro de um vaso sanitário, e temos o pondo de vista o próprio sanitário visto no telão, como nas já clásicas sequencias de Kill bil 2 onde A noiva enfia a cabeça de elle Driver na patente, ou em Sin City , onde ocorre a mesmísima coisa. Mais pop impossível.
Trocando em miúdos, o texto se articula como uma palestra, uma palestra onde três mulhers conversam entre si e com o público sobre o papel da economia nas relações de afeto. Como refletir sobre afeto em um mundo regido pela economia? Aliás, como "amar" neste mundo? Assim elas assumem o papel de "putas de mierda", e refletem que a comercialisação do sexo é uma saída segura, não tão segurapois ao fazer a trasnação financeira, elas percebem que também estão comecrializando seus interiores, seus desejos e necessidades. Percebem um mundo de machos, e Mae Wet como símbolo do feminino "masculinizado" que domina o macho, e o vence atravéz do sexo e da postura ativa. A fêmea matadora, a amazona. A mulher que domina transformando seus sentimentos e se corpo em mercadoria. O mundo como um bordél.
Mas conversar não seria a palavra exata, elas travam uma batalha de gritos e sussurros, de momentos de histeria descontrolada a momentos de pianíssimo. E isso não é exatamente uma invenção do encenador, nos textos de Pollesch existe as indicações da estruturação do texto em uma forma que surege a quebra da curva dramática tradicional, aquela que parte da baixa tensão até atingir o clímax. Não, o texto é feito de blocos de informação ditos em níves de tensão variados, como se fossem "clipes" de sentido e reflexão obssessiva. Não seguem uma lógica dramática e sim uma lógica associativa e performática. Os sentidos do texo agregam-se à forma com que ele é dito, com o nível de intensidade com que é dito, como se fosse música.
As atrizes Roxana Naranjo, María Paz Grandjean E Tatiana Molina estão muito bem, e lembram muito o nível over e engraçado das atuações mais cômicas das atrizes nos filmes do Almodovar da fase mais Kitsch. A Maria dá um showzinho à parte, elas tem uma figura muito bonita em cena, mas não a beleza vulgar das fêmeas televisivas, ela dá ares de Rossi de Palma, e tem um domínio da intensidade como nenhuma daso utras colegas consegue ter. No que, nas outras atrizes eu vejo como marcas bem feitas, o corte um uma mesma fala dita de forma cotidiana com uma palavra gritada no meio por exemplo, ela cosnegue de forma extremamente natural e convicente. Ela, além de tudo, tem um tempo de comédia ótimo, aproveita a bela cara que deus deu e sempre comenta com expressões que variam do nojo, a surpresa, a ingenuidade, sempre mantendo uma personagem que parece estar chapada. Chapada de consumo, chapada de informação. E este quase estado de "transe" em que ela está é o que talvêz dê mais brilho a sua atuação.
A peça acaba com uma reflexão sobre que talvez este "comercialismo", mais focado no papel do EUA em relação ao resto do mundo, o papeldeste país que podemos considerar o "pai" das soluções financeiras para questões morais, éticas e afetivas. Poisé elas acabam associando esta forma de encarar o mundo com a onda de terrorismo em que vivemos. Aliás, pensar na palavra PAI é extremamente significativo vendo pois que no fundo é um poder PATRIARCAL que os EUA exercem sobre o mundo, o macrocosmo, e que os machos exercem sobre as fêmeas. Mas bumerangue sempre volta. E quando as atrizes dão seu texto final, revelando que no fundo querem e ser amadas mesmo, e querem assumm toda a fragilidade que o ato da troca afetiva traz, é mostrado no vídeo as imagens daquele foguete que a nasa lançou e estourou no ar matando todos o astronautas. Homnes dependem de mulheres, homens dependem de homens e mulheres de mulheres. Seres humanos dependem de seres humanos. E o foguete estoura como um gozo invertido, uma lembrança amarga de que a tecnologia, o desenvolvimento econômico, a mídia de massa e seus esteriótipos de homens e mulheres, que a lógica do consumo guardam em si um lado ameaçador e absurdamente desumano. Um presente e um futuro que apenas agride o ser humano, um ser que é em essência, afetivo.
O cara da foto é o dramaturgo alemão. Sério, muito sério. :)

sexta-feira, setembro 09, 2005

Roberto Zucco na UFRGS



É bom ver quendo um diretor, um aluno diretor criando carne e reflexão sobre a matéria teatral. E a gente vê isso acompanhando o trabalho do cara, percebendo como ele reflete sobre o espaço, como ele lida com as dificuldades oferecidas pelos textos que ele monta, como ele trabalha com os atores, como tempo, ritmo e emoção são desenvolvidos nas cenas. Pois bem, vi ontem Roberto Zucco, texto de Bernard Marie Coltès com direção de Felipe Vieira, trabalho do Departamento de Arte Dramática da UFRGS e posso dizer, o Felipe cada vez mais ta criando carne e pensamento sobre teatro, matéria de pôr-em-cena "mis-en-scene".
Seu trabalho anterior "Dois Perdidos numa noite suja", texto de plínio Marcos foi muito interesante, Felipe se concentrou na cosntrução de personagens fortes, de atores sabendo o que estavam afzendo e dizendo e por isso, muito à vontade em cena. A peça era recheada de violência física e psiquica, coisa difícel de se fazer em cena com organicidade, e sim, era orgânico. Ponto contra eram as marcas, muitas vezes simples demais, não sei se foi falta de reflexão sobre a relação das tensões que o drama cria em função ao uso do corpo-espaço, ou se felipe resolveu apostar mais no sangue que em uma direção mais cerebrina, mas muitas vezes nós só tínhamos os personagens naquela espaço circular, uma verdadeira arena de galos de rinha, se embatendo sem mais relações espaciais diferentes que pudessem iluminar para o espectador o que está acontecendo ali em termos de conflito dos eprsonagens. Mas contudo a peça falava, e falava bem.
Roberto Zucco, na minha modesta opinião, é um avanço em termos de entendimento das capacidades infinitas e mágicas que o palco nú é capaz de trazer. Percebendo a fragamentação espacial e temporal que o texto de Coltes oferece, Felipe optou por um palco vazio, delimitado na rotunda com uma grande cerca de arame. Metáfora da peça: o homem preso que se rebela. Um prisioneiro que sempre escapa, que mata mãe e pai e mata que vier pela frente, mata oq ue geralemnte nos mata, a repressão familiar, a repressão doe stado e a repressão social. E que no final e presonovamente e escapa, só que desta vez buscando o sol.
Coltez tece um texto lindo: quem é que está preso? nós seres conuns? ou Zucco, que busca o sonho "as montanhas geladas da áfrica, ou o sexo do sol". Poisé, Felipe entende esta reflexão e constroi espacialmente e corporalemnte esta metáfora que, estando apenas no reino das palavras é conceito. Mas teatro não é conceito, é materialidade, sonho compartilhado, é carnatura.
As marcas são muito eficientes, revelam as tensões dos personagens, sugerem os espaços que se alteram cena a cena, sem o uso de artifícios banais, uma luz bem colocada e os corpos dos atores, pra mim isso basta, e é isso que temos em cena, com a tulilização esporádica de uns bancos, uma mesa e uma cadeira. Só.
Agora o grande pecado da peça é o trabalho de energia e entendimentodo texto por parte dos atores. Sinceramente a maioria do elenco está no nível apenas médio. Digo em termos do "estar em cena", falta energia, foco para esta energia, texto justificado por um entendimento profundo e visceral. O ator que faz o protagonista, MAico,parece não saber oq ue está dizendo em muitos momentos, e me mostra um Zucco frágil, não senhores, Zucco não é frágil, Zucco é uma besta assassina em busca de liberdade, Zucco é um homem que transpira testosterona por todos os poros, um matador alucinado. Mas em cena só vejo o ator, tentando, mas sem me convencer, vejo o garoto-ator, não o homem personagem. Será que falta um entendimento maior do que significa estar PERPLEXO frente à realidade? Não sei, o ator não precisa passar pelo que o pesonagem passa, mas precisa ativas as energias em si que sejam análogas as do personagem. E isso falta em quase todos. Entendimento do texto e a corporificação e energisação do quee stá sendo dito-vivido. Felipe deveria se concentrar um pouco mais neste trabalho de visceralidade.
Mas em termos de interpretações temos duas belas supresa, MAriana Montovani e A Fernanda Mandagará que respectivamente fazer a irmã meio lésbica e a senhora chique. Porra, A Montovani sacou a "sapatice" introjetada da irmã e investiu não em um esteriótipo masculino, não, ele vai numa energia contida e dura, talvez estas sejam aa palavras: dureza e força. O monólogo que ela dá sobre o cheiro dos homens é bem bonito, percebemos a curva dramática claramente, é cheio de entrega, vindo das tripas. Já a fernanda constrói uma senhora elegante muito engraçda, que passa do total despreso por tudo e todos ao desespero e uma libido à flor da pele. A cena onde ela xinga as pessoas que a tentam salvar numa estação de trem é impagável, e seu pequeno bife onde ela reflete sobre a posse do sangue do filho tmbm é um momento delicioso de ver.
Como Zucco mata a família, um guarda e o filho da socialite, nós criadores de teatro temos que astar sempre nos matando, matando velhas formas para que possamos renascer a cada trabalho dando continuidade a este ofício, esta tradição que é quase um sacerdócio.
Parabens para a equipe e parabéns ao diretor, um bom espetáculo, inteligente e íntegro.
ahh a foto é do Coltes, gato não? Ams tire o cavlod a chuva pois ele morreu faz uns anos, no final dos 80, vitimado pelo HIV, merda né?

quinta-feira, setembro 08, 2005

POA em CENA em Poucas Palavras


Em tempos de poucas palavras, onde os pensamentos são obscuros o bastante para terem vergonha de vir à luz pública, uma lista é o que há de mais confortável para ser escrito. Esta é a relação de espetáculos que irei ver durante o 12º POA em CENA. Vou dizer que não estou realmente entusiasmado com nenhuma destas peças, já que as peças que eu realemnte gostaria de ver, não vieram por motivos que fogem a minha pequena e obtusa compreensão. Por mais esforços que os meus amgios tenham tido, administrar um mamute como este festival é uma tarefa duríssima.. Ainda mais numa administração (SIM, a do FOGAÇA) que não paga seus trabalhadores (dou aula pela prefeitura e não ganha um centavo já vai afzer dois meses). Ia vir o Felipe Hirsch, que considero com uma dos maiores encenadores brasileiros, com Av. Dropsie, não veio. Ia vir o Antunes com a sua Antígona ultra experimental. Não veio. IA vir o Zé Celso com "Os Sertões" versão completa com mais de 8 horas de peça, vai vir mais tarde. IA vir o Pólvora e Poesia, mas a Globo não deixou o mancebo viajar. Enfim.
Agora, do que vem, os que mais me despertam a curiosidade são os segintes: "Com o Casaco da sua Própria Pele" do MArcelo Gabriel, que é uma bixa louca performer que sempre tem algo a dizer, e das formas mais ácidas e impactantes possíveis. "Quero ser gilberto Gawronski" tmbm me dá curiosidade pois a bixa eé louca, totalmente fora da casinha e dirigiu a alguns POA EM CENA atrás uma padaptação pop de Nelson Rodrigues, com a Cia. dos Atores, que me gradou muito. "Endstation America" é do Volksbuhne, grupo estatal alemão que já veio a POA com o irretocável "MURX". E para fechar vou também com bastante curiosidade ver "REGURGITOFAGIA", um monólogo onde o performer é ligado a uma máquina que dá choques nele conforme as reações sonoras da platéia frente a sua atuação e seu texto. É metáfora f´sica desta relação muitas vezes absurdae sempre essencial que á do ator- público.
Pra quem acompanha meu blogue, tentarei fornecer comentários com ponta de aço, prontos para perfurar o alvo do entendimento, ou da falta dele. Aqui está a minha programação:
09/09
Os Negros - Theatro São Pedro
10/09
2x Pinter - Teatro Carmem Silva
11/09
Sex Segun Mae West - Teatro Álvaro MoreyraTom Zé - Reitoria
12/09
Canibales
13/09
Com o casaco da sua pp pele 23h - Teatro Álvaro MoreyraEduardo II - Teatro Renascença
14/09
Quero ser Gilberto Gawronski
15/09
Dias Felizes
16/09
Endstation Amerika
17/09
Srta de Tacna
18/09
Verissimilitude
20/09
Um Homem Indignado
21/09
Desassossego
22/09
Num Rastro de Luz
23/09
Licurgo, Olhos de Cão
Regurgitofagia
24/09
M Palermu
25/09
Dorotéia Minha

PS: voltei a ouvir Antony and the Johnsons, encaixa bem com minha vibe atual.

quarta-feira, setembro 07, 2005

POSTER



























t ae o cartaz do filme meu e do Edu. Ai, o amor em tempos de trashismo!

MSN é CONTRACULTURA

enquanto isso no meu MSN, eu e Marle trocávamos alguma figurinhas sobre a programação do Porto Alegre em CENA:


Sakamoto FUYUMI diz:
o provocador tmbm acho que pode ser legal
com o abujamra
mari diz:
coloquei na minha listinha todos relacionados com literatura, mesmo sabendo que esta coisa biografica pode ser o horror
Sakamoto FUYUMI diz:
auuhauha
mari diz:
ah, mas eu nem curto abujamra
Sakamoto FUYUMI diz:
o pólvora e poesia num vem
mari diz:
acho ele um falso intelectual e falso vanguardista
mari diz:
baita mangola
Sakamoto FUYUMI diz:
a globo naum deixouo ator sair para vir fazer
mari diz:
hahahaha
Sakamoto FUYUMI diz:
mangola
Sakamoto FUYUMI diz:
uhauhauhauhauha
mari diz:
mesmo?
Sakamoto FUYUMI diz:
ahan, foi cancelado, baita uoh né
mari diz:
a globo está num embate contra o teatro, que loucura
mari diz:
quando formos pra globo tudo vai mudar, hshshshshs
mari diz:
ao menos nós vamos, hahahahaha
mari diz:
mas, ein, johny, acho que nosso novo sonho deveria ser ir pra globo, fazer fortuna na metropole
hahahaha
dizSakamoto FUYUMI :
auhuhauauhauhauhauhauh
Sakamoto FUYUMI diz:
a globo
eu tenho NOJO da globo
e tenho NOJO daqueles caras que se acham atores
eu tenho NOJO
mari diz:
eu também tenho, mas sonho escrever DRAMATURGIA TELEVISIVA, hshshshsh
e ganhar salario de embaixador, hshshshs
Sakamoto FUYUMI diz:
NOJO daqueles garanhões de araque, daquelas galinhas oxigenadas, daquele poder instituído à força e não democrático
NOJO
mari diz:
ai, para. me senti em 98, hahahahahahaha

sexta-feira, setembro 02, 2005

Se a morte vem



O novo filme de George Romero trás os ingredientes fundamentais para se fazer um bom filme de terror: personagens interessantes, uma situação limite, e doses cavalares de gore.
Gosto do produto atrtístico que fala de uma coisa para falar de outro. O novo filme de Gerge Romero, TERRA DOS MORTOS é um bom exemplo. É um filme de terror por excelência. Acompanhamos a saga de alguns personagens sitiados em uma grande cidade, sitiados por mares de zumbis que estão à solta pelo mundo inteiro. Temos sangue em doses macissas, eplosões de cabeças e membros putrefatos, vermes, tripas sendo comida e ossos sendo chupados. O mundo da grotelândia se msotra por completo a ponte de eu me retorcer nas confortáveis poltronas do Arteplex. Temos sustos e supreses, mas iso qualquer bom filme de terror proporciona. MAs Romero vai mais longe. Ele tece uma metáfora da situação social atual, focada principalmente no papel dos EUA como "donos do mundo" pelo menos é isso que eles acham.
Vou destrinchar esta idéia: esta última cidade citiada, refúgio dos homens que aind anão sucumbiram a fúria da morte, é administrada por um todo poderoso sem escrúpolu algum, o Sr. K. Ela e toda uma gente rica vivem em um grande prédio, uma torre (torre, tão ligados?) no centro da cidade, daquelas torres que tem shopping center anexado, farmácia, e supermercado. Quem mora lá mora bem, tem proteção de guadas armados e uma vida que emula a vda livre ates da epidemia dos mortos. Gente rica que não vê sujeira e não vê morte. COmo nos nossos condominios de luxo, onde se pode passar ma vida inteira sem saber o que ta rolando no mundo "real".
Ao redor desta torre está a cidade propriamente dita, uma cidade de destroços, mas o povo vive e se diverte. Tudo parace com uam grande feira latina, as crinças brincam nos destroços,as pessoas aind atrabalham, tentam viver.
Para manter a cidade fucnionando, pessoas desinadas pelo Sr. K sae dos limites seguros e vão atacar cidades vizinhas, cidades dos mortos, para pegar comida, bebida e do mas que for útil. Para isso eles saem com um caminã imenso, totalmente equipado com mísseis e metralhadoras, é este grande caminhão "o matador" que é a chave da segunrça da cidade e sua mão forte em termosde ataque aos mortos. Poisé. Mas depois de servir três anos ao Sr. K, Chollo, um capanga mexicano decide que está na hora de ter o seu espaço na torre, e emsmo bajulando o todo poderso, não consegue, além de ser vitimado por um ataque do mesmo, que considera as pessoas "substituíveis". Enfurecido Chollo sequestra o "matador" sai da cidade e aponta seus misseis para a torre. Isso não lembra uma certa situação que se passou em um fatídico 11 de setembro? Claro, mas simplificado pela metáfora. Em suma Romero cria um microcosmo ficcional que tenta dar conta do que seria a sociedade ataual: ricos e pobres sim estão em confronto e é deste co fronto que surgem anomalias como o terrorismo. agora esta tensão é colocada frente a uma outra tensão, a MOrte, simbolizada pelos zumbis, lentos e nojentos, mas que vançam firmes e acabam tomando conta da cidade. A exploração, mostra Romero, se torna inda mais a bsurda frente à morte, que avança em passos lentos e firmes, tendo a certeza da vitória final.
Um belo filme.

terça-feira, agosto 23, 2005

Parte um: "Brooklyn Bridge"


Parte um: Brooklyn Bridge.

Aquela veia teimava em bater justamente na testa de Giovanni.
– Isso significa medo, ele pensou.
Por mais que estivesse em um grande centro que já foi um inferno mas agora, devido a radicalidade de um novo prefeito as coisas andavam mais calmas. Pelo menos era o que os noticiários transmitiam à população de NY e do mundo.
-Estar acompanhado, estar acompanhado, ele pensou, por estes meus dois amigos, Pedro, produtor e Anna, atriz, é o mesmo que estar sozinho.
Ele sabia que, mesmo acompanhado e com o programa de “intolerância total” que agora regulava as políticas de ataque e prevenção ao crime na cidade, andam pelos arredores da ponte do Brooklyn continuava a ser suicida. Ainda mais que a noite já havia caído e o inverno estava no seu apogeu, nada de neve, apenas tudo congelado, a cerração densa, branca, perfeita.
-Se nos atacarem aqui estamos fritos, somos ilegais nesta merda de país, a Anna e o Pedro não falam uma pica de inglês, eu falo o suficiente para pedir um Big Mac no máximo. Quando eu peço um lanche as negrinhas me olham apavoradas no balcão e não entendem que eu quero um BIG MAC COM BASTANTE MAIONESE!, Não, elas pensam que eu sou francês, mas sou BRASILEIRO!
A veia continuava o seu trabalho de marcar com pulsações o nervosismo de Giovanni, e seus amigos estavam lá também, caminhando junto, um pouco perto demais dele, um pouco se olhando demais e um pouco rindo demais.
- Era o que me faltava, estes dois estão de treta.
E seguiu caminhando a passos rápidos. Tinham que ir no teatro, atravessar a cidade para chegar na Broadway e ver “O Produtor” novo musical de Mel Brooks que tava bombando. Ana falou:
- tu tem certeza que a peça está em cartaz? Não sei quem me falou que o Mel Brooks morreu semana passada, e ele além de dirigir e atuar era o produtor do espetáculo. O Top produtor, como tu gosta de dizer.
– Não Anna, Giovanni respondeu, não, ele não está morto, ele está vivo ebem, esta ganhando fortunas com este musical. Era tudo o que eu queria, ganhar MUITA grana com o nosso trabalho. Pedro que estava calado até então disse meio rude:
- cara te liga, aqui é que não vamos ganhar dinheiro nunca. Aqui neste país seremos eternos lavadores de pratos, se dermos sorte lavaremos os pratos do Mel Brooks um dia, estando ele morto ou vivo. E Pedro agarrou Giovanni pelo pescoço enquanto o segurava Anna revistava os seus bolsos. Giovanni gritou:
- que merda é essa heim? Que merda é essa? E os dois amigos traidores saíram correndo a toda, levando os documentos e o dinheiro contado de Giovanni para entrar no musical.
- Ai que porra! Não, só comigo para acontecer uma merda destas! Eu já fumei toneladas de maconha com eles, trabalhamos juntos faz anos!Por que isso? O que estes merdas fizeram? Só pode ser uma piada. ai que vontade de pegar um martelo e arrebentar com a cabeça dos dois! E depois atropelar eles com um caminhão. PORRA!
Continuou caminhando meio sem rumo meio com. Ia quase que involuntariamente em direção à Broadway. Queria pelo menos ver as luzes, mesmo tarde da noite lá está sempre cheio de gente, a impressão que dá é que lá NY realmente nunca dorme. E foi. E caminhou. E caminhou. E depois de muito tempo, suado dentro do casacão, virou uma esquina e viu: BROADWAY. Como brilhava meu deus. Como brilha! Telões de anúncios gigantes mostravam o que todos deveriam ter. As lampadinhas dos letreiros dos teatros piscavam. O Mc Donalds da Broadway nunca fecha! É eterno.
Chegou na entrada do teatro e viu o grande letreiro: “THE PRODUCER”.
- Não custa entrar ele pensou, pelo menos para ver as fotos, ver as pessoas.
Entrou, pouca gente, o teatro na verdade era de um luxo desgastado pelo tempo. Dourado e descascado, muito dourado e veludo cor de vinho.
- Isso significa luxo para estes provincianos, pensou. Mas não deixa de ter certo charme.
Uma pequena fila estava formada na bilheteria, chegou mais perto para ver. Alguém toca em seu ombro. Uma voz de velho fala no seu ouvido: -Tu é o Giovanni né?
Virou e viu um cara já meio velho de óculos de aro grosso, fumando um cigarro, com um sobretudo de couro e uma echarpe violeta enrolada no pescoço. Mas não fazia idéia de quem ele era.
O velho disse: eu te conheço mas tu não me conhece, já vi algumas peças tuas em Porto Alegre, gostei de algumas, outras achei... um pouco inteligentes demais, pra não dizer, pretensiosas.
E ambos riram.
O velho pediu: eu, apesar de estar aqui faz tempo, uns três anos , ainda não falo uma letra em inglês, tu poderia comprar uma entrada pra mim.
Giovanni respondeu com um sim com a cabeça e o velho emendou: tu já comprou a tua?Ele respondeu que não, que não havia comprado, que tinha vivido uma história absurda até ali, que seus amigos eram traidores do caralho, que ele estava com raiva e não saia muito bem como agir, o velho disse, compra uma pra ti e uma pra mim, e programas para ambos. Giovani pegou o dinheiro, comprou, entraram no teatro.

Segunda Parte: "The Producer"


Segunda Parte:
“The Producer”

Platéia semi-vazia.
-Não costuma tocar uma musiquinha antes de começar os espetáculos, para entreter a platéia?
O velho respondeu:
-sim, geralmente.
Giovani não entendia o por que das luzes acesas, do palco vazio e da falta de qualquer som. Mas enfim, para que se preocupar, ele já tinha tido até agora um dia completamente fora da ordem.
-veja isso, olhe para cima, disse o velho,e ele olhou. Um ator vestido de malha dourada caminhava no ar, suspenso provavelmente por cabos de aço, ele caminhava por cima da cabeça dos espectadores. Lentamente. Aos lados, entre a platéia, outros atores faziam evoluções que pareciam lutas, estavam quase nus, pulavam e chocavam-se uns contra os outros, caiam no chão, enquanto o ator dourado caminhava no ar.
-bonito isso, Giovanni pensou.
No palco vazio entra um sujeito gordinho, cara de latino, bigodinho, cabelos fartos pretos e cacheados, Giovani notou a cafonice de umas mechas loiras no cabelo da figura. Um microfone sai do solo. Um pino de luz ascende sobre aquele ator. Ele diz:
-Boa noite, eu sou o Mel Brooks...Vocês acabam de ver o meu espetáculo que começa com silêncio, pouca gente e um ator pendurado num arame, o efeito eu acho lindo, ele parace que está flutuando. Depois no meu novo espetáculo, este espetáculo, que me deu prêmio de melhor musical, alguns atores-bailarinos dançam entre as poltronas da platéia. Agora eu apareço num palco vazio. Falo com vocês em um microfone, iluminado pela luz de um único pino. Eu estou morto. Eu morri semana passada como dizem os jornais e os noticiários. Mas meu espetáculo está aqui. Eu peguei uma destas doenças que vão fazendo tu desaparecer dentro das tuas próprias roupas. Semana passada eu não tinha mais que 50 kilos. Estava no jardim da minha casa. Cuidando de umas flores. E comecei a não sentir mais minhas pernas, nem meu pau e bunda. Depois passei a não sentir minha barriga e meu umbigo. Era como se eu estivesse me tornando invisível. E me tornei invisível. e não doeu nada.
As cortinas se fecharam e Giovanni sentiu apenas aquela maldita veia pulsando na testa. Saiu do teatro e era dia, nevava muito em NY, a rua estava completamente branca. Pela Broadway passava um cortejo com cavalos e penacho. O Velho ainda estava com ele, o velho disse:
-Queria te fazer uma surpresa, trabalhamos juntos muitas vezes, mas eu fiz uma plástica, to irreconhecível né?
Giovanni riu muito, agora reconhecera ele, tinham feito Hamlet juntos, Giovanni o tinha dirigido no papel de Polônio. O velho completa: - repara só no cheiro destes cavalos. E Giovani sentiu o cheiro forte dos cavalos, reparou também que os cavalos estavam de pau duro, todos, e que ele também estava ficando.

tem dias

"tem dias que eu quero mandar todo mundo tomar no cu!"
A LEona Cavalli disse isso no filme Amarelo MAnga, muito bom por sinal.
Serve perfeitamente para o dia de hoje.

segunda-feira, agosto 22, 2005

Grão de Areia causou em Gramado



Devido a uma najice de um professor maloqueiro do Edu, o vídeo: Grão de Areia, com direção do próprio Eduardo Assumpção, roteiro criado por eu ele, e interpretação de euzinho além do amigo mais que tesudo Michel Capelletti.
A história é de um amor impossível, como o do grão de areia e a estrela, cantada na música de Dalva de Oliveira, um pequenino grão de areia. O que poderia ser apenas melosidade acabou se transformando num soco no estômago. A estética do filme é a dos snuff movies (filme amadores de tortura) e segue tmbm referências da cultura sadomaso: correntes, fita tape, estas coisinahs boas de se brincar.
Apesar de não termos concorrido no Gramado Cinevídeo, o Edu ficou passando o vídeo em uma TV enorme no estende da ULBRA e digo para vcs: o filme causou.
Era engraçadíssimo ver as caras do público que acabava hipnotizado pelas imagens fetichistas do nosso videozinho.
Cara de nojo, cara de hipnose.
Fica aqui a promessa de mais vídeos feitos a 4 mãos com este bom amigo.
Aguardem.
na foto o michel recebendo um tratamento desumano vindo de minha parte. (quero dizer, é o personagem do michel e a mão do meu personagem)

Hamlet, Negro.


O Grupo Caixa Preta, dirigido por Jessé Oliveira me deu uma grata supresa ontem a noite, mostrando um espetáculo coerente e interessante. O que parecia ser uma mistura pouco usual, Shakespeare, cultura negra (religiosa e estética) se mostrou uma bomba emocional que me pegou em cheio.
A história está ali, tem o fantasma, o rei, a rainha a loucura de ofélia e tudo o que a gente não se cansa de gostar :) etc...só que é contada de uma forma super contemporânea, não que substituir espada por revólver seja uma novidade, mas misturar a potência dos orixas, com respeito e entrega totais por parte dos atores é, sim, uma experiência marcante.
Falando da direção, Jessé é econômico no uso do espaço, um acerto em se tratando de um texto que foi escrito para ser trazido à tona em um palco completamente nú, o palco elisabethano. O jogo dos atores transforma a sala nua do Hospital Psiquiátrico São Pedro em terreiro, cemitério, quarto sala etc... Viajamos na onda da direção e dos atores.
Outros pontos interessantes a serem ressaltados, o ator germânico que faz o horácio, como cúmplice e observador da história negra que se passa. O que poderia ser apenas uma irônia (a cota de atores negros substituída pela cota de atores brancos) transforma-se em sentido amplo já que este personagem é o linque com a realidade sociocultural gaúcha, os negros aqui são ao cotnrário do resto do país, uma minoria, ele que faz a ponte com a platéia branca gaúcha.
Sendo também muito fiel a Shakespeare, JEssé recheia a peça de humor. São impagaveis vários momentos, cito a declaração de amor de ofélia onde ela canta um hino brega que é "my fisrt love", o Polônio que é defendido com muitíssima garra e humor pelo Silvio RAmão, a cena dos coveiros feita com lanternas e tirando com sarro com a brancura dos espectadores (fantasmas, retratos nas lápides), a dupla de amigos "esponjas" de Hamlet, e a própia Ofélia que a Glau Barros faz TRI bem!
Para contrapor o humor, temos o Juliano Barros arrebentando como Hamlet. É um Hamlet furioso, descontrolado e macho pra caralho. A cena do "ser ou não ser", uma eterna dificuldade para os atores, é super bem solucionada, sendo emocionate e furiosa com o ator dentro de um latão, consiência. A cena do Yorik tmbm me emocionou.
Aliás a garra de todo elenco é impressionante. Não vou citar um por um, mas a equipe é vigorosíssima.
Eu daria mais atenção apenas para a a Vera lopes, que emociona, mas deveria ser trabalhada com mais potência física, vocal para seguir o resto do elenco.
Que mais?
Ah
As imagens sacras são fortíssimas. O embate entre culturas, religião e raça são muito coerentes. Um reino dividido entre fés diferentes (a africana e a protestante, evangélica), raças diferentes, e a inexorável compulsão humana pelo poder, é uma salada que diz respeito a este país, formado de oposições e rico justamente por isso.
Só mesmo este grupo para defender um Hamlet assim: negro e orgulhoso.
Parabéns ao colega e amigo Jessé pela coerência de forma e conteúdo.