terça-feira, agosto 23, 2005

Parte um: "Brooklyn Bridge"


Parte um: Brooklyn Bridge.

Aquela veia teimava em bater justamente na testa de Giovanni.
– Isso significa medo, ele pensou.
Por mais que estivesse em um grande centro que já foi um inferno mas agora, devido a radicalidade de um novo prefeito as coisas andavam mais calmas. Pelo menos era o que os noticiários transmitiam à população de NY e do mundo.
-Estar acompanhado, estar acompanhado, ele pensou, por estes meus dois amigos, Pedro, produtor e Anna, atriz, é o mesmo que estar sozinho.
Ele sabia que, mesmo acompanhado e com o programa de “intolerância total” que agora regulava as políticas de ataque e prevenção ao crime na cidade, andam pelos arredores da ponte do Brooklyn continuava a ser suicida. Ainda mais que a noite já havia caído e o inverno estava no seu apogeu, nada de neve, apenas tudo congelado, a cerração densa, branca, perfeita.
-Se nos atacarem aqui estamos fritos, somos ilegais nesta merda de país, a Anna e o Pedro não falam uma pica de inglês, eu falo o suficiente para pedir um Big Mac no máximo. Quando eu peço um lanche as negrinhas me olham apavoradas no balcão e não entendem que eu quero um BIG MAC COM BASTANTE MAIONESE!, Não, elas pensam que eu sou francês, mas sou BRASILEIRO!
A veia continuava o seu trabalho de marcar com pulsações o nervosismo de Giovanni, e seus amigos estavam lá também, caminhando junto, um pouco perto demais dele, um pouco se olhando demais e um pouco rindo demais.
- Era o que me faltava, estes dois estão de treta.
E seguiu caminhando a passos rápidos. Tinham que ir no teatro, atravessar a cidade para chegar na Broadway e ver “O Produtor” novo musical de Mel Brooks que tava bombando. Ana falou:
- tu tem certeza que a peça está em cartaz? Não sei quem me falou que o Mel Brooks morreu semana passada, e ele além de dirigir e atuar era o produtor do espetáculo. O Top produtor, como tu gosta de dizer.
– Não Anna, Giovanni respondeu, não, ele não está morto, ele está vivo ebem, esta ganhando fortunas com este musical. Era tudo o que eu queria, ganhar MUITA grana com o nosso trabalho. Pedro que estava calado até então disse meio rude:
- cara te liga, aqui é que não vamos ganhar dinheiro nunca. Aqui neste país seremos eternos lavadores de pratos, se dermos sorte lavaremos os pratos do Mel Brooks um dia, estando ele morto ou vivo. E Pedro agarrou Giovanni pelo pescoço enquanto o segurava Anna revistava os seus bolsos. Giovanni gritou:
- que merda é essa heim? Que merda é essa? E os dois amigos traidores saíram correndo a toda, levando os documentos e o dinheiro contado de Giovanni para entrar no musical.
- Ai que porra! Não, só comigo para acontecer uma merda destas! Eu já fumei toneladas de maconha com eles, trabalhamos juntos faz anos!Por que isso? O que estes merdas fizeram? Só pode ser uma piada. ai que vontade de pegar um martelo e arrebentar com a cabeça dos dois! E depois atropelar eles com um caminhão. PORRA!
Continuou caminhando meio sem rumo meio com. Ia quase que involuntariamente em direção à Broadway. Queria pelo menos ver as luzes, mesmo tarde da noite lá está sempre cheio de gente, a impressão que dá é que lá NY realmente nunca dorme. E foi. E caminhou. E caminhou. E depois de muito tempo, suado dentro do casacão, virou uma esquina e viu: BROADWAY. Como brilhava meu deus. Como brilha! Telões de anúncios gigantes mostravam o que todos deveriam ter. As lampadinhas dos letreiros dos teatros piscavam. O Mc Donalds da Broadway nunca fecha! É eterno.
Chegou na entrada do teatro e viu o grande letreiro: “THE PRODUCER”.
- Não custa entrar ele pensou, pelo menos para ver as fotos, ver as pessoas.
Entrou, pouca gente, o teatro na verdade era de um luxo desgastado pelo tempo. Dourado e descascado, muito dourado e veludo cor de vinho.
- Isso significa luxo para estes provincianos, pensou. Mas não deixa de ter certo charme.
Uma pequena fila estava formada na bilheteria, chegou mais perto para ver. Alguém toca em seu ombro. Uma voz de velho fala no seu ouvido: -Tu é o Giovanni né?
Virou e viu um cara já meio velho de óculos de aro grosso, fumando um cigarro, com um sobretudo de couro e uma echarpe violeta enrolada no pescoço. Mas não fazia idéia de quem ele era.
O velho disse: eu te conheço mas tu não me conhece, já vi algumas peças tuas em Porto Alegre, gostei de algumas, outras achei... um pouco inteligentes demais, pra não dizer, pretensiosas.
E ambos riram.
O velho pediu: eu, apesar de estar aqui faz tempo, uns três anos , ainda não falo uma letra em inglês, tu poderia comprar uma entrada pra mim.
Giovanni respondeu com um sim com a cabeça e o velho emendou: tu já comprou a tua?Ele respondeu que não, que não havia comprado, que tinha vivido uma história absurda até ali, que seus amigos eram traidores do caralho, que ele estava com raiva e não saia muito bem como agir, o velho disse, compra uma pra ti e uma pra mim, e programas para ambos. Giovani pegou o dinheiro, comprou, entraram no teatro.

Segunda Parte: "The Producer"


Segunda Parte:
“The Producer”

Platéia semi-vazia.
-Não costuma tocar uma musiquinha antes de começar os espetáculos, para entreter a platéia?
O velho respondeu:
-sim, geralmente.
Giovani não entendia o por que das luzes acesas, do palco vazio e da falta de qualquer som. Mas enfim, para que se preocupar, ele já tinha tido até agora um dia completamente fora da ordem.
-veja isso, olhe para cima, disse o velho,e ele olhou. Um ator vestido de malha dourada caminhava no ar, suspenso provavelmente por cabos de aço, ele caminhava por cima da cabeça dos espectadores. Lentamente. Aos lados, entre a platéia, outros atores faziam evoluções que pareciam lutas, estavam quase nus, pulavam e chocavam-se uns contra os outros, caiam no chão, enquanto o ator dourado caminhava no ar.
-bonito isso, Giovanni pensou.
No palco vazio entra um sujeito gordinho, cara de latino, bigodinho, cabelos fartos pretos e cacheados, Giovani notou a cafonice de umas mechas loiras no cabelo da figura. Um microfone sai do solo. Um pino de luz ascende sobre aquele ator. Ele diz:
-Boa noite, eu sou o Mel Brooks...Vocês acabam de ver o meu espetáculo que começa com silêncio, pouca gente e um ator pendurado num arame, o efeito eu acho lindo, ele parace que está flutuando. Depois no meu novo espetáculo, este espetáculo, que me deu prêmio de melhor musical, alguns atores-bailarinos dançam entre as poltronas da platéia. Agora eu apareço num palco vazio. Falo com vocês em um microfone, iluminado pela luz de um único pino. Eu estou morto. Eu morri semana passada como dizem os jornais e os noticiários. Mas meu espetáculo está aqui. Eu peguei uma destas doenças que vão fazendo tu desaparecer dentro das tuas próprias roupas. Semana passada eu não tinha mais que 50 kilos. Estava no jardim da minha casa. Cuidando de umas flores. E comecei a não sentir mais minhas pernas, nem meu pau e bunda. Depois passei a não sentir minha barriga e meu umbigo. Era como se eu estivesse me tornando invisível. E me tornei invisível. e não doeu nada.
As cortinas se fecharam e Giovanni sentiu apenas aquela maldita veia pulsando na testa. Saiu do teatro e era dia, nevava muito em NY, a rua estava completamente branca. Pela Broadway passava um cortejo com cavalos e penacho. O Velho ainda estava com ele, o velho disse:
-Queria te fazer uma surpresa, trabalhamos juntos muitas vezes, mas eu fiz uma plástica, to irreconhecível né?
Giovanni riu muito, agora reconhecera ele, tinham feito Hamlet juntos, Giovanni o tinha dirigido no papel de Polônio. O velho completa: - repara só no cheiro destes cavalos. E Giovani sentiu o cheiro forte dos cavalos, reparou também que os cavalos estavam de pau duro, todos, e que ele também estava ficando.

tem dias

"tem dias que eu quero mandar todo mundo tomar no cu!"
A LEona Cavalli disse isso no filme Amarelo MAnga, muito bom por sinal.
Serve perfeitamente para o dia de hoje.

segunda-feira, agosto 22, 2005

Grão de Areia causou em Gramado



Devido a uma najice de um professor maloqueiro do Edu, o vídeo: Grão de Areia, com direção do próprio Eduardo Assumpção, roteiro criado por eu ele, e interpretação de euzinho além do amigo mais que tesudo Michel Capelletti.
A história é de um amor impossível, como o do grão de areia e a estrela, cantada na música de Dalva de Oliveira, um pequenino grão de areia. O que poderia ser apenas melosidade acabou se transformando num soco no estômago. A estética do filme é a dos snuff movies (filme amadores de tortura) e segue tmbm referências da cultura sadomaso: correntes, fita tape, estas coisinahs boas de se brincar.
Apesar de não termos concorrido no Gramado Cinevídeo, o Edu ficou passando o vídeo em uma TV enorme no estende da ULBRA e digo para vcs: o filme causou.
Era engraçadíssimo ver as caras do público que acabava hipnotizado pelas imagens fetichistas do nosso videozinho.
Cara de nojo, cara de hipnose.
Fica aqui a promessa de mais vídeos feitos a 4 mãos com este bom amigo.
Aguardem.
na foto o michel recebendo um tratamento desumano vindo de minha parte. (quero dizer, é o personagem do michel e a mão do meu personagem)

Hamlet, Negro.


O Grupo Caixa Preta, dirigido por Jessé Oliveira me deu uma grata supresa ontem a noite, mostrando um espetáculo coerente e interessante. O que parecia ser uma mistura pouco usual, Shakespeare, cultura negra (religiosa e estética) se mostrou uma bomba emocional que me pegou em cheio.
A história está ali, tem o fantasma, o rei, a rainha a loucura de ofélia e tudo o que a gente não se cansa de gostar :) etc...só que é contada de uma forma super contemporânea, não que substituir espada por revólver seja uma novidade, mas misturar a potência dos orixas, com respeito e entrega totais por parte dos atores é, sim, uma experiência marcante.
Falando da direção, Jessé é econômico no uso do espaço, um acerto em se tratando de um texto que foi escrito para ser trazido à tona em um palco completamente nú, o palco elisabethano. O jogo dos atores transforma a sala nua do Hospital Psiquiátrico São Pedro em terreiro, cemitério, quarto sala etc... Viajamos na onda da direção e dos atores.
Outros pontos interessantes a serem ressaltados, o ator germânico que faz o horácio, como cúmplice e observador da história negra que se passa. O que poderia ser apenas uma irônia (a cota de atores negros substituída pela cota de atores brancos) transforma-se em sentido amplo já que este personagem é o linque com a realidade sociocultural gaúcha, os negros aqui são ao cotnrário do resto do país, uma minoria, ele que faz a ponte com a platéia branca gaúcha.
Sendo também muito fiel a Shakespeare, JEssé recheia a peça de humor. São impagaveis vários momentos, cito a declaração de amor de ofélia onde ela canta um hino brega que é "my fisrt love", o Polônio que é defendido com muitíssima garra e humor pelo Silvio RAmão, a cena dos coveiros feita com lanternas e tirando com sarro com a brancura dos espectadores (fantasmas, retratos nas lápides), a dupla de amigos "esponjas" de Hamlet, e a própia Ofélia que a Glau Barros faz TRI bem!
Para contrapor o humor, temos o Juliano Barros arrebentando como Hamlet. É um Hamlet furioso, descontrolado e macho pra caralho. A cena do "ser ou não ser", uma eterna dificuldade para os atores, é super bem solucionada, sendo emocionate e furiosa com o ator dentro de um latão, consiência. A cena do Yorik tmbm me emocionou.
Aliás a garra de todo elenco é impressionante. Não vou citar um por um, mas a equipe é vigorosíssima.
Eu daria mais atenção apenas para a a Vera lopes, que emociona, mas deveria ser trabalhada com mais potência física, vocal para seguir o resto do elenco.
Que mais?
Ah
As imagens sacras são fortíssimas. O embate entre culturas, religião e raça são muito coerentes. Um reino dividido entre fés diferentes (a africana e a protestante, evangélica), raças diferentes, e a inexorável compulsão humana pelo poder, é uma salada que diz respeito a este país, formado de oposições e rico justamente por isso.
Só mesmo este grupo para defender um Hamlet assim: negro e orgulhoso.
Parabéns ao colega e amigo Jessé pela coerência de forma e conteúdo.

domingo, agosto 21, 2005

Sônia revive


To podre de depressivo.
Chorando, fazendo fiasco.
Apaixonado.
Locão.
Ai acordei querendo cortar meus pulsos com uma folha de ofício. Liguei o mediaplayer e ouvi "festa cigana" da sônia rocha. foi como tomar pílulas de vida. ela canta:
"venha comigo para a festa, venha comigo festejar
não sabe o por que da festa?
vem aqui que eu vou te contar
festejamos a estação da vida
venha comigo PRIMAVERARRRR (sim, é isso mesmo, primaverar)
vou cobrir vc de flores
o teu mel quero provar
se chegar perto de mim
esta festa vai se transforamar num IMENSO JARDIM
vamos festejar a vida enfim"


MUUUUUSSSAAAAAAAAAAAA
perfeita
poeta
POETISA
só a Sônia Rocha para me fazer reviver

quarta-feira, agosto 17, 2005

Festival de Cinema de Gramado

Gramado é uam cidade cenográfica. E nada melhor que realizar um festival de cinema em uma cidade que não existe, que por trás das suas paredes estão as vigas de madeira que seguram apenas imagens sem nenhum conteúdo. Apenas fachada. Apenas o que gente muito grossa acho que seria chique e descolado. Parece um grande acessória da BArbie.
Mas tudo bem, minha família que é pretendente à burguesia tem uma casa aqui, e eu, num surto de vontade de ter uns minutos de delírio farsesco e pseudo glamouroso na minha vida me toquei pra cá.
Tá chovendo e vim de bus. Mas tudo bem. Cozinho sozinho um arroz com galinha bebendo um vinho que ataquei da adega dos meus pais.
Gramado me lembra muito aquela califórnia (será?) que é mostrada em SIDEWAYS, um filme deplorável, classe média, sem sabor nem cor, ao contrário do vinho, um nojo.
Mas to legal. To triiiromântico. Cozinhando e ouvindo uma rádio maravilhosa que só toca cafonices como Cauby, Roberto Carlos, Sinatra, ai que delícia. A Rádio CLube CAnela (nem gramado é capaz de uma rádio destas)
Na real to in love.
Mas tudo ainda é muito misterioso.
Hoje ainda irei a alguma festa, cheia de carinhas ávidas por um espaço. Como eu.
Mas eu espero ter força o suficiente para construir meu próprio espaço no muque.
era isso.

Lista das mais ouvidas atualmente:


- Four Woman, Nina Simone
(linda linda, libelo, emocionante)
- Little Kids, Kings of Convinience
(ta no meu nick do msn: "asking me all kinds of trivial questions, pretending a everiday life we dont have)
- Quick an the Pointless, Queens of the Stone Age
(tocará no meu novo projeto)
- The Dripping Dream, Sonic Youth
- Wah can i do? - Antony and the Johnsons
(quem me mostrou este cantor foi o Zé Adão, fiquei apaixonado, é tristíssimo, gay, dark, profundo, vozão pianos, letras de rasgar os pulsos)
- We need a War - Fisherspooner
(ai, o popismo)
- Ana, Allison e Velloria, Pixies
(sou indie)
- Non dis non - Vive la Fetè
(olha o popismo novamente)

(Só musiquinha triste, melancólica ou agressiva. Ou triste melancólica e agressiva)

IN THE POOL


In the pool. Ele percorre ruas de fim de tarde, rapidamente. E alguém que ele não se vê o rosto, não vê nada.
- custa 14 pila e fica na zona norte, tem michês maravilhosos lá.
Ele responde à sombra:
- tudo bem, to louco pra ir na real, mas quanto aos michês, vou de masoquista, michês são tudo o que eu queria, em termos de beleza, e de corpo, mas são apenas objetos compráveis, e não tenho dinheiro. Logo será um sacrifício ficar por lá.
Eles andam rápido, apesar de ser fim de tarde, os trabalhadores já saíram das fábricas e o bairro está deserto, a não ser por um ou outro cão vadio que fuça nos sacos negros de lixo.
Sobem as escadas de um edificiozinho que parece uma verruga de concreto rosa desbotada no meio de um bairro unicamente feito de fábricas horizontais.
O lugar é ume enorme flat, escuro, decorado naquele padrão gay decadente de sempre. PEga a comanda das mãos de um homem muito velho de peruca loira e lábios carmim já bastante sulcados. Na primeira olhada não percebe nada de interessante por ali. Só homens vestidos de mulher. Melhor seria velhos vestidos de velhas. E um ou outro garoto de toalha amarrada na cintura.
O amigo agora se torna mais nítido. Ele não entende por que o conehcimento e o reconehimento são tão difusos. A ex sombra e agora amigo muito magro, o convida para ir para a piscininha de água quente, tomar banho, jogar conversa fora. Eles se despem. Entram na psicina. Vê o pau do amigo duro dentro dágua.
Um outro garoto aparece. Na verdade tmbm um cara muito magro e loiro, cabelos cacheados e compridos, entra na água. Ele repara que o loiro está com uma feridinha rubra na pálpebra. repara também que o seu amigo se masturba na banheira, está com o pau muito duro, e nele, também nota a mesma ferida. o amigo diz:
já não aguento mais, dói muito, dói extremamente esta ferida de merda.
A água é muito quente. Os vapores sobem e entram nas narinas dilatadas. Água e calor. Ele pensa:
- pareço um pãozinho dentro do forno.
E fica nisso.
Até recobrar a consciência.
Está sozinho dentro da piscina.
Os outros se foram.
Ele toca o prório cu, está dilatado tmbm.
Sai rapidamente dali e vai colocar sua roupa. Tem tantos tênis ali, mas nenhum é o seu.
-onde foi parar meus tênis????
Uma velha tarvestí aproxima um tênis beige.
-Não é este, ele fala.
Ela começa a tirar muitos tênis de um armário.
Ai meu deus que horas são?
Ela fala que é madrugada. Peruca loira e lábios carmim fissurados.
Tenho que voltar para a casa e não encontro meus tênis.
Ela tira mais e mais pares desencontrados de tênis. do armário.
E do meio daquela bagunça ele os encontra, e os calça, e sai rapidamente pela rua. Vazia.
Uns cães que andavam por ali vão acompanhando ele para a casa. Ele pensa:
- eu deveria me chamar Agosto.

terça-feira, agosto 16, 2005

Impossível comer um só


GROTE:
Grotesco, grotesco é aquele que rompe com o que o senso comum considera "anormal". Os freaks são grotescos? Estranho, grotescto, grote.
Grote tmbm é a sensação de perplexidade frente a realidade do homem enquanto carne-temporal. Grote é energia que vem desta perplexidade frente à alma feita de carne. Alma de ossos, sangue, fome, merda, sonhos, medos, e sobretudo perplexidade. Estar vivo é uma ironia importantíssima. A chance da natureza existir por que está sendo pensada. E a consciência da própria finitude. A maior da bençãos carregada com a maior das maldições.
Então, falemos de arte e vida. De teatro, de política, de filmes e de sensações. (tenho vergonha de falar de sentimentos).
citando um autor que jamais li, sendo grotesquíssimo ao afzer isso, cito de recorta e cola:
" a expressão mista de surpresa e de angústia diante da desagregação do mundo própria da modernidade, um mundo que é o nosso mundo sendo, ao mesmo tempo, alheio a nós."
bem próprio, não?
KAYSER, Wolfgang. O grotesco, São Paulo, Perspectiva, 1986