(o Rodrigo Monteiro me encontrou na saída do Walmor "Um homem Indignado, peça belíssima" e me disse: e ae, te mandei uma crítica sobre oe xtinção faz horas e tu não me falou nada... Eu disse: menino, não recebi, mande novamente. E ele mandou. e eu to postando ela aqui. Viu Rodrigo, desta vez eu li!)
"Cada vez mais eu amo aqueles amam a intensidade. É engraçado como esse amor, essa admiração, tem crescido em mim ano após ano. Talvez, deus me livre!, seja porque eu esteja ficando mais superficial... Eta vidinha...
Ontem fui assistir uma peça de teatro chamada "Extinção, a impossibilidade da morte na mente de alguém vivo". E que show de intensidade... Sabe quando você não consegue se desgrudar das cenas que vai assistindo... É como se você estivesse, ao mesmo tempo, vendo dois filmes muito interessantes em televisões diferentes e lutando arduamente para prestar a atenção nos dois. Eu me vi, várias vezes, refletindo sobre a história contada e a história que conto no dia a dia da vida que vou construindo. Eta vidinha...
Duas atrizes dominam a cena. Dominam a história. Metem-se na nossas reflexões, quase que determinando as coisas por nós. Bedelhudas! Gosto dessas que se jogam no mundo seja ele paralelo ou oficial até porque já não sei mais qual é mundo oficial e qual é o mundo caixa 2. Mas elas se jogam, energia, força, entranhas... Parto com dor mas não pra por pra fora uma vida, mas o contrário: pra ganhá-la, ficar com ela mais um pouco. Eta vidão...
Já conhecia o diretor de outro espetáculo chamado "A Serpente"! Que pessoa odiosa! Questiona, subverte os estereótipos, não retrata, nem mascara... Não copia, nem sugere... Ele impõe a totalidade, a vivência, a realeza (que vem de realidade, de beleza e também de aristocracia) da vida como ela é. Um guri de 27 anos... Baixinho... Meio gago... Magrinho... E inho o bastante pra entrar nos buraquinhos dos poros do ser humano que lhe cruza e se achar no meio, na essência, no cerne. Abusado! Taí o dinossauro que construiu... Nós... O ser humano... Em extinção... Eta vida morta!
Cada cena da vida é inteira... Estamos em extinção. É um fato... Os jornais mostram. E não me venha com esse papo de valores sociais... Me venha, se quer mesmo vir, com a repercussão dos valores vivenciais. Daqueles conceitos que nasceram da experiência... A visão de um pássaro que voa no céu. As idéias que surgem de um poema de Adélia Prado ou Florbela Espanca. Os suspiros de pôr de sol colorido e o assobio de um vento a beira mar, beira rio, beira qualquer coisa... Estamos na beira. Eta margem!
Se a vida é um rio, a morte é a margem? Por que corremos para a margem e não para o centro do rio ou do mar? Por que permitimos que as ondas nos ajudem se elas nos levam justamente para a areia... O que tem mais vida? A areia ou a água salgada?
Há pessoas que cruzam as correntes. O João Ricardo, diretor, é uma delas. A Evelyn é outra. Também a Sissi e os demais... Não os são aqueles que não trocam... Porque, sim, nessa e em outras histórias há aqueles que tem mas não trocam... Eta vida egoísta.
Coisa mais ruim ver algo em cuja cena não há troca. É bonito. É técnico. Como a peça que vi no domingo e nem vou dizer o título... A energia da vida nasce de duas pessoas. A vida está na junção. Pois um ator joga o fio e o outro segura. E assim vou descobrindo a beleza do que vivo agora... Trocando... Brigando... Aos gritos... Mas gritos ouvidos, sorrisos ouvidos, cobertor trocado, preces respondidas por um Deus ao meu lado.
"Extinção" é um ótimo espetáculo e deve ser visto. E que deve ser comentado. Tudo isso para que haja a possibilidade da vida na mente de uma sociedade cambaleante e moribunda. Uma raça que se ajoelha para beber uísque e anda de cuecas em meio ao frio cortante. Eta tudo... "
Bom espetáculo!
Rodrigo Monteiro São Leopoldo, 12 de maio de 2005
"Cada vez mais eu amo aqueles amam a intensidade. É engraçado como esse amor, essa admiração, tem crescido em mim ano após ano. Talvez, deus me livre!, seja porque eu esteja ficando mais superficial... Eta vidinha...
Ontem fui assistir uma peça de teatro chamada "Extinção, a impossibilidade da morte na mente de alguém vivo". E que show de intensidade... Sabe quando você não consegue se desgrudar das cenas que vai assistindo... É como se você estivesse, ao mesmo tempo, vendo dois filmes muito interessantes em televisões diferentes e lutando arduamente para prestar a atenção nos dois. Eu me vi, várias vezes, refletindo sobre a história contada e a história que conto no dia a dia da vida que vou construindo. Eta vidinha...
Duas atrizes dominam a cena. Dominam a história. Metem-se na nossas reflexões, quase que determinando as coisas por nós. Bedelhudas! Gosto dessas que se jogam no mundo seja ele paralelo ou oficial até porque já não sei mais qual é mundo oficial e qual é o mundo caixa 2. Mas elas se jogam, energia, força, entranhas... Parto com dor mas não pra por pra fora uma vida, mas o contrário: pra ganhá-la, ficar com ela mais um pouco. Eta vidão...
Já conhecia o diretor de outro espetáculo chamado "A Serpente"! Que pessoa odiosa! Questiona, subverte os estereótipos, não retrata, nem mascara... Não copia, nem sugere... Ele impõe a totalidade, a vivência, a realeza (que vem de realidade, de beleza e também de aristocracia) da vida como ela é. Um guri de 27 anos... Baixinho... Meio gago... Magrinho... E inho o bastante pra entrar nos buraquinhos dos poros do ser humano que lhe cruza e se achar no meio, na essência, no cerne. Abusado! Taí o dinossauro que construiu... Nós... O ser humano... Em extinção... Eta vida morta!
Cada cena da vida é inteira... Estamos em extinção. É um fato... Os jornais mostram. E não me venha com esse papo de valores sociais... Me venha, se quer mesmo vir, com a repercussão dos valores vivenciais. Daqueles conceitos que nasceram da experiência... A visão de um pássaro que voa no céu. As idéias que surgem de um poema de Adélia Prado ou Florbela Espanca. Os suspiros de pôr de sol colorido e o assobio de um vento a beira mar, beira rio, beira qualquer coisa... Estamos na beira. Eta margem!
Se a vida é um rio, a morte é a margem? Por que corremos para a margem e não para o centro do rio ou do mar? Por que permitimos que as ondas nos ajudem se elas nos levam justamente para a areia... O que tem mais vida? A areia ou a água salgada?
Há pessoas que cruzam as correntes. O João Ricardo, diretor, é uma delas. A Evelyn é outra. Também a Sissi e os demais... Não os são aqueles que não trocam... Porque, sim, nessa e em outras histórias há aqueles que tem mas não trocam... Eta vida egoísta.
Coisa mais ruim ver algo em cuja cena não há troca. É bonito. É técnico. Como a peça que vi no domingo e nem vou dizer o título... A energia da vida nasce de duas pessoas. A vida está na junção. Pois um ator joga o fio e o outro segura. E assim vou descobrindo a beleza do que vivo agora... Trocando... Brigando... Aos gritos... Mas gritos ouvidos, sorrisos ouvidos, cobertor trocado, preces respondidas por um Deus ao meu lado.
"Extinção" é um ótimo espetáculo e deve ser visto. E que deve ser comentado. Tudo isso para que haja a possibilidade da vida na mente de uma sociedade cambaleante e moribunda. Uma raça que se ajoelha para beber uísque e anda de cuecas em meio ao frio cortante. Eta tudo... "
Bom espetáculo!
Rodrigo Monteiro São Leopoldo, 12 de maio de 2005