sábado, outubro 22, 2005

Bienal em alguns ecos.

Parte um: Os CONCRETOCHATOS...

E gosto de artes plásticas. Já trabalhei quase um ano na feliz tarefa de ser "mediador" no Santander Cultural. Foi uma experiência ótima. Naquela época comecei a construção de um pensamento formal e plástico, comecei uma reflexão no papel da imagem no teatro e no mundo. Artes plásticam exercem uma fascínio em mim. Mas geralmente acho o contato com o objeto de arte, frio. Raramente me emociono. Minha apreciação costuma ser absolutamente intelectual e de deleite estético. Mas isso não é algo ruim, já que apenas algumas linhas da arte querem realmente travar um contato emocional com o espectador. Na maioria dos casos, pricipalmente falando dos pós concretos e nos concretos, nos abstracionistas geométricos etc... a emoção é vista como um monstro. Eles nos oferecem uam arte seca e dura, lógica e formal.
A 5ª Bienal do Mercosul, desde o logotipo até a curadoria das exposições, dá atenção aos concretos, e aos neo-concretos. Fui vê-los e digo, para mim todo o movimento só me dá bocejos. Fui no Santander dar uma olhada na exposição, que tem um caráter meio "histórco".A reflexão sobre forma e contraforma, espaço, figura e fundo etc parece deslocado em um mundo que , se pensarmos bem, é prenhe de perplexidade, som e fúria. E está deslocado mesmo. Poucos, hoje em dia, se dedicam a sta corrente estética. Minha impressão é que o objeto artístico que trabalha com estas questões não passa de algo"interessante"e que ficou relegado a uma vanguarda que hoje é "histórica", apenas. (apesar de as esculturas do Amílcar de CAstro que estão colocadas em frente ao mercado público incitarem um belo diálogo entre o peso da arte, que se pretende atemporal e acultural, com a movimentação louca dos transeuntes e ambulantes do centro, que estão usando elas como um bom meio de se proteger do sol).

Parte dois: INSTALANDO EM MEIO AOS LOBOS

Depois que sai do Santander fui dar uma olhada no Cais do Porto, lá temos quatro núcleos da Bienal: O da escultura à isntalação. A persistência da Pintura, artista homenageado ( o Amilcar de Castro)e a "exposição especial".
Vou dizer em rápidas palavras que na parte de esculturas e istalações pouca coisa me pareceu realemnte boa. Destaco o trabalho de um mexicano que eu não lebro o nome e que o site da bienal não me ajudou a recordar já que nele só é citado os nomes dos artista sem imagens das obras. Um saco. Ele faz uma isntalçação absolutamente pop e colorida. Luz e plástico. É quase um cenário de lego, feito de objetos formados por contas de plástico coloridas e traslucidas. Nela temos um casal deitado em meio a um artificial e cartoonesco jardim com cogumelos e flores coloridíssimas. Esta casal deitado no jardim me remeteu direamente ao casal primordial bíblico. É interessantqe que o artista faz um contraponto com a apartente palsticidade e inocência das formas e das cores que usa para a contrução da imagem, com um som de selva "real", onde lobos uivam ao longe. Dá para pensar no conflito entre imagem e realidade. Dá para pensar que no "jardim do édem" existe um dedo de terror. Dá para pensar que o belo gurada a semente do feio, que o inocente guarda o violento e aterrador.
Gostei também do cadáver de chocolate que é oresquício de uam eprformance de outro mexicano. Na performance que pude ver em vídeio, el, caracterizado como aquelas figuras tradicionais de caveira mexicana, parte com um facão um dos corpos de chocolate e os divide com o úblico. Ele está com uma cueca que cita a bandeira norteamericana e limpa a boca com um guardanapo norteamericano também. isso eu acho, em verdade uma diminuição conceitual do seuprórpio trabalho. Ele quer falar de exploração das américas, das riquezas devoradas pelos ditos paises do "primeiro mundo". Ma eu tive uma relação bem mais arcaica com a obra. Estar frent a frente a um corpod e humem, relisticamnte esculpido emc hocolate me provocou ecos de antropofagia. É sedutor o corpo nú, é sexual, o cheiro forte do choclate convida que que tenhamos vontade de lambê-lo, tocá-lo. Mas ele reprsenta um corpo morto. E aparce então o desconforto do brilho da necrofilia, de canibalismo. Ao mesmo tempo, a relação do observador e arte, que muita vezes não passa de uma relação de "fagia", comer a obra simplesmente e não, se relacionar com ela.
Exemplo bom disso, é que no dia que neste mesmo dia, a alta cúpula financeira e administradora do Santander Cultural estava fazendo uma aerada visita a esta exposição. Estavam em ando, muito faceiros e interessados. E com alguns fotógrafos em volta. E gente cortejando. ME deu nojo ver aquilo. A relação com as obros sendo epenas uma brecha para o exercício das vaidades. Eles não estvam vendo, estavam vendo para serem vistos, gente de coluna social, um lixo. Predadores, quem sabe os lobos que rondam o edem da instalação que falei.

Parte três: A PINTURA PERSISTE.

A parte da pintura começa com os abstracionistas, mais geométricos, mais formais, e depois vai para os caras menos comportados. Na parte dos que investigam a materialidade da pintura em si, o valor das cores, do gesto pictórico, ds formas, as texturas etc... nada me ecnantou. Acho tudo, como disse antes, bonito e interessante. Mas beleza e curiosidade não servem para mim. Somente beleza não põe a mesa.
O bom é que isso é apenas uma parte da exposição. Ela guarda uma outra metada dedicada aos caras mais experimentais, que investigam os valores inatos a pintura, mas que se deixam trafegar por áreas mais perigosas, menos refinadas, as zonas que tocam o lixo visual contemporâneo, a cultura de massa e seus imblemas, o traço naive, o gesto mais expressionista.
Para mim as obras que se destacam são:
Osvaldo Salerno e as suas pinturas pop-arcaicas. O paraguaio traz uma séire de quadrinhos pequenos atulhados de cores supersaturadas e trasbordantes de desenhos a rpimeira vista horrorosos(figura formada por linhas, o caso dele pintada, ele usa o pincel como lápis). O cara se apropria do estilo de desenhar de quem não tem técnica acadêmica ou formal, o chamado "naive" para dar concretude a um universo que cita o pop, mas que emrgulha no arcaico. No inconsciente. Um belo exemplo é ma pintura que msotra uma m~e beijando um filho com a boca bem escancarada, apertando ele contra o peito e rosto. Ela parece estar comendo o filho. No quadro estão escritos vários bordões clichês sobre maternidade como "mão só tem uma""mãe tem o amor que vem de deus". Mas a figura é aterradora. E os detalhes do quadro, como bixos se devorando e uma janela com ua lua cheia faz a ponte para o que eu chamei de arcaico ou inconsciente. É como se, através do uso dests fromas grosseiras dos desenhos populares, opitor quisesse falar deste inconsciente coletivo, das forças primitivas que estão por trá da camada de civilização dos homens. As outras obras irmãs são assim também, msotram cenas de necrofilia, de animais, de vetegetação selvagem. Colocam frente a frente consiente e inconsciente. Colocam o homem civilizado num panorama de mistério e de fluxos que ele não conehce, e se envegonha geramente. Ao mesmo tempo ele dialoga com a cultura do lixo publicitário, citando até a logotipo da Cavalera em alguns quadros. Muito bizarro, muito bom.
Outro cara massa é um Argentino que, por ineficácia do site da Bienal, não podrei citar o nome. O obra do cara é um desenho de proporções gigantescas, bem realista, em uma parede branca. O desenho em si não tras nada de formalmente inovador, é apenas a reprodução abstante realista de duas cabeças de jovens hones, em relação uma a outra. Eles estão de olhos fechados e o de cima parece estar indo dar um beijo na testa do que está em baixo. Da cabeça do que está embaixo sai uma mancha escura e negra. A imagem é cheia de mist´rio, cheia de espaços para a imaginação do espectador. Eu logo associei, por causa da minha tendência mórbida usual, a um casal de namorados onde um acaba de morrer. A mancha negra eu vi como sangue, sabgua de uam cabeça acidentada. Agora não fiquei chocado. Fiquei comovido com a delicadeza da relação de ambos, a intençaõ do beijo na testa como um carinho fraternal, derradeiro.Mas não paro por aqui, ae fui ler um breve texto sobre o arista e seu método. O texto revela que o argentino busca em filmes pornô gays da internet a pedra propulsora dos seus desenhos. Ele pega um frama que considera interessante e, através da projeção do mesmo em uma parede, desenha com carvão por cima. Isso é um ato totalemnt pós moderno. Eu adoreiter lido isso. O cara, através da apropriação e do descocameno que são operados pelo seu ato artísico, abre ma imagem banal ( o frame de filme pornô) e investe ele de valor conceitual, emotivo e artístico. É como se o artista remodalasse o mundo. E vamos e venhamos, o artista bom remodela sim o mundo, desfoca, motra a reliadade sobre outras perspectivas, torna o corriqueiro estranho para quepossamos reavaliar com outros olhos o banal. O atista não reduz, ele expande.
Como não vou falar de todo que gostei por rpeguiça, acabo o artiguinho comentando a gaúcha já bastante conehcida KArin Lamprecht. Elaé umalouca mórbia total. Ela tem na bienal uma pintura-isntalação-fotografia de dar arrepios. Chma-se "caixa de socorro", algo assim. São vitrines que contém pepéis marcados por um ação artística de karin. Ela vai em lugares que se abaem bixos, cordeiros, etc, e, de posse das suas vísceras e sangue, marca o papel. A beleza ão é propriamente de quão encantadoras são as manchas de sangue e de líquidos internos de nimais no papel mas do que a obra provoca, do diálogo doloroso que ela provoca. Junto a estas impressões de orgão está uma foto em proporções quase humana, de corpo inteiro a prórpia Karin, com um vestido long manchado de sanue. A foto é preto e branco, mas sabendo dos gesto sangíneo m si, abes claramente que a manh é de sangue. E nos pés da foto está uma caixa que reproduz o tamano do corpo dela no chão. uma espécie de túmulo. Não preiso ser muito explícito, mas é intenso ver a relação que a artista fa do ato criador, um ato visceral, litaralmente falando. Seu corpo relacionado as sua pinturas de sangue sugerem que não dá para fazer arte sem botar em jogo o que existe de mais íntimo e vivo em si. Esta pintura-italação-fotograia também sugere uma apropriação da artista em relação ao seu corpo, o caráter de mortalidade do mesmo, a transitoriedade de tudo. Karin é sempre fodona.
É isso.
No próximo post comentarei a Abramovich e sua vídeo isntalação, algo que me comoveu profundamente.
PS: a figura em questão, e a obra em desenho do argentino que não sei o nome.

2 comentários:

Anônimo disse...

Bom, humildemente tentarei, em poucas palavras, demonstrar a relevância dos concretistas e neoconcretistas no cenário visual e mais, demonstrar que sim, estes chatos dialogam pra caralho com o contemporâneo.e dialogam por razões estéticas, históricas e sensíveis, sim, sensíveis.
Bom, historicamente(tu já tá sabendo, mas não custa nada repetir), os concretistas tem origem lá nas vanguardas holandesas e russas, com Mondrian. O cara tinha uma ideologia humanista, e lançava com seus trabalhos uma nova proposta de linguagem que fosse possível de ser entendida universalmente.Então ele começa a decompor imagens figurativas(uma arvore por exemplo)até chegar na abstração total,ele queria chegar na essencia da figura.(quase uma busca por algo não material, mas sim espiritual) chegando numa figura abstrata e geométrica(conhecida em qualquer lugar do mundo).
O concretismo vem como uma resposta aos excessos estetizantes dos movimentos modernistas. Os concretistas querem simplicidade.O modernismo era todo preocupado em buscar uma identidade nacional, cheio da figuração idealizada e chata.É o final das grandes guerras, e a busca da ordem e organização,num mundo em movimento intenso, é o que querem os concretos...Abstração,simplicidade, organização, movimento e rigor eram os ideais desses caras.
Muito mais que isto, o concretismo é uma ode as artes visuais, uma discussão formal que resgata o princípio do próprio desenho: as linhas.Pra quem acha o concretismo chato, não leva em conta os conflitos que nessas obras se encontram: formaXcontra forma,figuraXfundo(como tu mesmo apontou), matériaXespírito, etc.
Sem falar que os caras eram pesquisadores de vanguarda incansáveis.no plano bidimensional e no escultórico foram inovadores pra caralho.Lembra do “Cubo Vazado”(primeira escultura do Santander)? E do Max Bill em seguida? Eles deram as costas para as esculturas clássicas com frente e costas, em lugar daquela massa figurativa eles colocaram espaços vazios, e tiraram os espectadores da inércia da contemplação, obrigando estes a completarem as obras.Investigaram e transgrediram até a base tradicional em que se assenta as esculturas, pendurando elas no teto, conferindo leveza e liberdade pelo espaço...Que falta expressividade, falta mesmo. Mas era a proposta dos caras, cansados dos excessos que se vinha cometendo em todos os ramos artísticos.Mas e o Urinol do Duchamp? Tu não gostou da provocação que ele propôs? E Tu te emociona com a obra? E a Arte Conceitual!!Tu não gosta?
Mas os neoconcretos pensaram nesse excesso de frieza e inexpressividade e transgrediram as obras concretas...
Mas tudo isso é blablação, o que eu queria era te mostrar as muitas analogias com o contemporâneo, analogias perenes que existem entre essas obras e o hj e sempre. Primeiro dá uma olhada pro teu teclado;tem um monte de letrinhas e numerozinhos que estão presos nuns quadradinhos que tem volume e estão contidos num enorme retângulo que é o teclado. E se tu olhar em volta tu vai ver uma caralhada de formas geométricas ,que se encontram e se sobrepõem umas nas outras, com suas linhas e ângulos que formam as coisas do teu quartinho, e se tu olhar pela janela, pra baixo, tu vai ver as linhas de força invisíveis que existem no espaço... esses caras simplesmente resolveram trabalhar com as formas(concreta,fria,é verdade)que compõem o mundo inteiro. O concretismo tá presente 100% na tua vida rapá. E mais, se o mundo contemporâneo é prenhe de perplexidade e fúria, talvez o (neo)concretismo seja justamente a resposta, o contraponto, o peso contrario da balança.
Um grande abraço concreto e geométrico pra ti. LISANDRO

Anônimo disse...

então,
estava lendo denovo o post, e acho q minhas opiniões divergem mais ou menos nos seguintes pontos:

qt à total falta de envolvimento 'emocional' na produção concreta.. acho q realmente ela existe de fato nas temáticas, mas não nas utopias ideologicas q eles tinham naquela época... e tb nos desdobramentos posteriores do que aparece la no santander.. (como é o caso do trabalho da lygia clark e do oiticica.. mnas principalmente no da lygia.. com suas terapias.. - quer algo mais emocional?)

essa questão da emoção, do envolvimento/apelo emocional, dá mt pano pra manga na verdade.. sem nem entrar nessa discussão, só acho q devemos ter cuidado pra não cair no critério do gosto.

acho q discordo tb de que a pintura contemporânea formalista não tenha um apelo emocional... eu mesmo deslumbrei-me e deliciei-me com várias coisas absurdamente lindas, 'fortes' (no sentido do espaço, matéria, fatura pictórica, etc) e contundentes... como o trabalho do dudi maia rosa, do antonio dias e de outros q não me recordo o nome agora de cabeça..

falando assim parece até q, como artista, discuto e me interesso por esse campo.. mas não é o caso - eu lido com imgs de segunda mão e com a pintura por um lado totalmente não-formalista. mas mesmo distanciado disso, acredito q é possível sacar essa 'força' toda delas...

falando em um olhar pessoal, acho tb q vc tem um bem 'forte'. aacho q fica clara qual é a sua "orientação de leitura".
todos temos isso.
acredito q o grande desafio seja a tentativa de 'sairmos'/nos livramos um pouco de nosso olhar viciado, e procurar o q é visto realmente, não -somente- o q queremos ver.
digo -somente- pq não há como desvincularmos completamente de nosso repertório. e nem haveria pq fazer isso. nosso olhar tb faz parte da leitura. só não deve tomar conta, ao meu ver.

ihh, acho q esse texto ficou super chato, foi mal qlqr coisa - me empolguei escrevendo.
a verdade é q gostei sim do teu texto, e seria mt bom se tivessemos mais textos de leituras da bienal como este!

abraço
RicardoMello