terça-feira, junho 10, 2008

Casulo N. 3 - Sebastiãos, Prósperos, Ariels e outros devires



Esse Casulo foi realizado domingo, dia 09 de junho no Pátio do Ciclo Básico, UNICAMP. CAsulo número três propõe a integração do casulo com um Ypê Florido. Tambm lança seus peles plásticas em direção aos devires corporais que povoam "A Tempestade" de Willian Shakespeare,o imaginário erótico espiritual das imagens de São Sebastião e o horror dos corpos mumificados.
A documentação foi feita pelos colegas-participantes Isabella de Oliveira, Ju, João Maria e Adriel apartir da seguinte proposta: com o seu olhar, procure onde o corpo se trasforma. O álbum abaixo é o olhar do Adriel sobre a ação:



esse álbum é mais longo e foi feito com os olhares da Isa e da Ju


PRÓSPERO — Ah! sim? Preciso todos os meses repetir quem foste, coisa de que te esqueces a toda hora. Essa bruxa maldita, Sicorax, por crimes horrorosos e terríveis feitiçarias que os mortais ouvidos não podem suportar, se viu banida, como sabes, da Argélia. Uma só coisa — ia ser mãe — pôde salvar-lhea vida. Não é verdade tudo?

ARIEL — Sim, senhor.

PRÓSPERO — Por grávida encontrar-se, essa megera de olhos azuis foi para cá trazida e abandonada pelos marinheiros. Tu, meu escravo, como te nomeias, eras, então, seu criado. Mas por seres umespírito muito delicado para suas ordens por demais terrenas e repugnantes, não te submetias a quanto ela ordenava, razão clara de te haver ela, ouvindo o imperativo de seu furor imenso e com o auxílio de seus ministros de poder mais forte, fechado numa fenda de pinheiro. Nessa racha de tronco, atormentado, uns doze anos ficaste, no qual tempo veio a morrer a amaldiçoada bruxa, na prisão te deixando, onde soltavas gemidos tão freqüentes como as rodas do moinho em seu girar. Então, esta ilha — se excetuarmos o filho que ela teve, um mostrengo manchado — forma humana nenhumaa enobrecia.

ARIEL — Sim, seu filho Calibã.

PRÓSPERO — Coisa obtusa, é o que te digo. É o mesmo Calibã que ora me serve. Ninguém melhor que tu sabe os tormentos em que te achei. Faziam teus gemidos ulular lobos e calavam fundo no coração dos ursos indomáveis. Era martírio para os condenados aos suplícios eternos, que desfeito já não podia ser por Sicorax.

ARIEL — Agradeço-te, mestre.

PRÓSPERO — Caso venhas de novo a murmurar, fendo um carvalho e como cunha te comprimo dentro de seu nodoso corpo, até que venhas ululado durante doze invernos.

TASK: o performer ao colar-se ao objeto, nesse caso a árvore florida, expande sua pele, deixa com que a ação o leve a um CsO Um Corpo sem Órgãos, um corpo desorganizado e pleno processo de devir. Nesse caso podemos apontar diretamente o devir "tempestade" ja que a ação remete também ao processo artístico em si ( o enrrolar-se na fita durex e o campo lírico que esta gera) e lembremos do Próspero de Greenaway, todos os devires do mago são reflexos do seu próprio discurso.

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