Esse casulo foi feio durante o FEIA. Festival de Artes do Instituto e Artes da UNICAMP. Em 17 de setembro, durante o pôr do sol.
fotos by flavio rabelo e isabella santana - edição das imagens joão de ricardo powered by photoshop.
O performer conversa com os transeuntes e pede para que eles leiam um texto (esse que vem a seguir) num gravador manual. k-7.
o performer depois de coletar diversas leituras, depos de ter ffeito contato com várias pessoas vai até um gerador de energia.
cola sua roupas com durex nesse gerador
enrola-se em um plástico
deitado, rebobina a fita do gravador e ouve os depoimentos-ficções.
1
espero poder estar morando em algum lugar ano que vem
espero tenho esperança
é sempre uma pressão
a vida é uma pressão constante
os zen falam estamos sempre perdendo somos temporais
como encontrar equilíbrio nisso
no instante furacão?
2
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que gostoso esse flow
td bem robozinho?
sim estou bem e usted?
eu tmbm acho que to bem só penso no meu trabalho tento investir nele como forma de...até de possibilidade de existência sublimação total
eh bom
sei lá é é é é é bom
é é bom é é bom sei lá é é bom
vou me enrolar em plástico amanhã
amanhã será hoje será agora amanhã será ontem será anteontem amanhã amanhã sera hoje amanhã
será o ontem de hoje amanhã
será agora foi ontem é agora será amanhã
amanhã é hoje ontem
vou ter um gravador como esse veja bem
veja bem eu deitado aqui ontem ou era hoje?
eu deitad o aqui hoje.
vou pegar conversas como esta confissões vou gravá-las e ouvi-las
em público num entardecer
mais textos vou mandar isso em vídeo em foto pra todo mundo, quero trabalhar e ano que vem não to com perspectivas muito concretas além de ter que escrever meu texto - reflexão sobre esse próprio trabalho que está acontecendo aqui e ganhar dinheiro uma bolsa que to tentando funarte com um texto que estou escrevendo desde 2006 e um concurso público !!!
concurso público dinheiro tudo custa dinheiro minha existência está diretamente relacionada a minha capacidade ou não de ganhar dinheiro
vc tem mais planos que eu
vc tem o seu emprego não? e seus clientes. Vc tem sua existência garantida por um fluxo de dinheiro
simmas não sei aonde vou estar ano que vem
no ano que vem no ano que vem
as vz eu acho que tu te sente um freak como eu me sinto mas não é só isso sei lá to me autoprojetando
eu me sinto um freak muitas vezes
vem vem é tudo um blur
eu também eu
eu ano que vem como eu
o que fazer ano que vem o que fazer agora? o que eu fiz até ontem?
é tudo um blur BLURRR
isso é tudo um blur meu futuro é um blur
ontem fui num buteco
me deram 29 anos eu tenho 21 anos
eu tenho 30 anos me deram 21 anos
eu tenho barba branca e já to ficando careca
eu já namorei duas vezes e meia eu já achei que amei muito mais que duas vezes e meia mas eu jamais vou conseguir definir quando estou ou não amando
é só um buraco físico, um ardor, uma idéia repetida mil vezes uma idéia repetida mil vezes eu não quero nenhum tipo de relacionamento eu sou uma pessoa fria eu sou uma pessoa uma pessoa que não sabe pra onde ir mas continua indo
eu tenho 21 anos eu não sei lidar com o amor eu não se lidar com as responsabilidades eu faço as coisas como eu robô eu faço tudo automático eu só preciso assegurar minha existência ganhando dinheiro amando dando oi pros meus amigos
tu ta pegando tudo pra ti
divide com as pessoas
refresh your heart
tenho que achar ele o eu
vou sublimar o robozinho do mágico de oz
sublimar
o pequeno cadáver de lata
as vz eu acho que tu te sente um freak como eu e sinto
mas não é só isso sei lá to me autoprojetando
eu me sinto um freak muitas vezes eu também me sinto
mas aí penso...por que??? eu q devo estar errado..os outros q estão
eu nem sei o que penso to em blur total:
só tenho tarefas a serem cumpridas
além disso tentar ser alguém
cadáver de lata
vou me enrolar em plástico
já estou enrolado até o coração das células até o nascedouro das idéias
tudo o que visto, sinto, minha conta no banco , meus deveres a cumprir meus medos
adensando a complexidade da minha vida
fui tirar dinheiro para comprar comida pouco dinheiro pois eu como no bandejão, pra economizar eu tenho algum dinheiro guardado pra economizar a conta estava vazia
tinham limpado minha conta
me clonaram
me deletaram no msn
me clonaram e rasparam minha conta
apagaram meu histórico me deletaram me clonaram
mas eu não acho complexo...é tudo simples, simples e complexo
é difícil pra mim até organizar meus textos as coisas mais corriqueiras o que fazer a cada dia
encarar cada dia ser encarado pelos dias organizar as mínimas coisas e tudo mais a grandiosa complexidade da banalidades de cada tarefa que me ocupa e me define
dramin faz dormir e não precisa de receita preta
eu já tomei muito remédio de tarja preta
eu pareço estar em tempos e lugares diferentes, ao mesmo tempo
eu sou um robô um cadáver um homem até onde?
(pausalonga)
2
eu tenho vergonha de me olhar olhar meus próprios vícios de linguagem
eu me vejo aqui deitado no chão como um corpo achado num parque como uma dessas imagens fetiche que ja vi tantas vezes nas tela frias. olhando pras telas frias e seus corpos cobertos de plástico. o gravador na mão. memória de warhol. na memória como espaço físico a ser preenchido como dimensão temporal e física como ação e ritual como incorporação da memória como subjetivação
O aparecimento de um súbito "de" entre as palavras que compõe o meu nome.
que por sinal é feito da mesma matéria do nome dos meus avós:o materno joão e o paterno ricardo. brasileiros ele trabalhou como secretário e entre cadernos calculadoras e canetas e telefones escrevendo coisas organizando papeis atendendo telefones telefones celulares vendo televisão ouvindo rádio jogando videogame com a gente fazendo gente sendo gente entre as pessoas meu avô ricardo na zona rural de portoalegre pequeno comerciante a casa com a bisavó um terreno cheio de memória e cantos escondidos armários pesados de madeira uma gaiola onde o charque seca onde as uvas não são tão doces quanto as do super mercado mas é bonito vê-las uma casa de madeira e uma velha quase espectral a horta tudo verde e húmido tinha que passar o parreiral o armário antigo o cheio da casa dela o elefantinho de molho de tomate pendurado na porta do guarda roupa
as figuras que aparecem nas portas dos ármários de madeira, nos forros do teto nos mofos da parede
as caras de gentes
atendendo ao outro ao patrão e as pessoas que chegavam no armazém ou nos escritórios na antiga madeireira depois de ter fechado ele, ter alugado o ponto, trabalhado pro meu pai no escritório em vários escritórios servindo os patrões os filhos os netos às pessoas que chegam no balcão tomando cerveja nos fins de semana dos filhos dessa gente sou filhos deles dos meus pais dos meus avós desses homems que estavam sempre entre outros homens todo mundo num tecido só pessoas na frente de pessoas entre pessoas dormindo namorando brigando traindo tendo ciúme roubando sendo roubado a cada instante desaparecendo no furacão do instante.
o que tu pensa em fazer? o que ta rolando????
(pausa)
3
unidos pelos sentidos pela presença física de nossos corpos.
esse aparecimento deu-se quando pesquisei meu prórpio nome do google
longe de qualquer afetividade, só pela natureza fria da tela, de alguém que nasceu e cresceu frente uma enorme de tela fria, e parentes, e amigos, e comunidade, colegas, pessoas e máquinas,e as páginas misteriosas e terríveis curiosas sempre dos livros dos olhos pintados de vermelho nos livros nas histórias que eu lia via me sujava todo de poeira de imaginação de perder o fôlego de ter insônia de não querer jamais sair da cama.
eu só consigo pensar em afirmar a materialidade dessas coisas tão banais e preciosas
gravando elas, dando meu corpo pra elas, enrolado num plástico, esse sou eu
caído, enrolado, vivo, vestido morto pelado aqui e a muito tempo atrás,
nós nem nos conhecíamos nossas almas eram anjos era memórias virgens não nascidas turbilhonamentos abstratos
nunca imaginaríamos que estamos aqui. frente um do outro.
por eu ser um veterano do atari (eu me dei um playstation 2 esse ano, vou carregá-lo nas costas como um bebezinho mimado eu tenho uma gata também, não sei como carregá-la, uma gata que já foi rejeitado por dois, será por mais um e assim subsequentemente. alguém quer adotar uma gatinha?)
e meu velho computador de mesa que comprei com o grana que juntei em minha permanência em portugal, trabalhando sempre, por ae, sempre indo sem saber para onde ir mais indo
minha falcon milenium (pausa) suja, suja!
por sermos tão profundamente banais. por as vezes querer entrar com o carro no poste mesmo parado. Por eu querer entrar com meu carro em um porte em alta velocidade em dirigir rápido até o abismo mesmo sem nunca ter aprendido a dirigir andando sempre eu me enrolo aqui reivindico mina materialidade primeira
(pausa)
4
no momento estou montando a programação de um site, depois tenho q finalizar outras coisas de outros projetos q estão abertos...no final de semana devo ir até minha cidade pois meus pais farão 25 anos de casados semana que vem e vou levar eles e minhas irmãs pra jantar eu pretendo trazer o vídeo-game que meu pai comprou pra ele aqui pra casa...nintendo wii divertidissimo
tu sabe da sedução das máqunas me sinto atraído por ti vamos ser namorados vamos jogar videoagame juntos
eu sou um veterano do atari até meu avô joga videogame
nós seguramos juntos no joystick JOYY JOYYYY joyyy joyyyyyy
5
eu estou negociando
o aparecimento súbito de um "de" entre o meu nome, nova composição do meu nome, foi feita pra que ao me procurarem no google não achassem o guitarrista dos secos e molhados antes de mim.
pela imaterialidade do meu trabalho pela presença mesmo que virtual, simbólica, avatar incorporado na rede dentro e fora irmão e duplo das telas frias dos olhos
pela medo do grau de intimidade do meu trabalho, publico e privado
pra ser achado para criar canais de comunicação por invenção
pela imaterialidade do meu trabalho eu reclamo minha própria existência física como atualização de memória como identidade pessoal materialidade como possibilidade de construção do passado do futuro do eterno atual
meu nome é joão "de "ricardo. eu nasci em
eu sou artista quando não estou em pânico ou simplesmente catatônico quando eu não sou um artista
eu nasci faz 30 anos sou um corpo jogado num mato,enrolado num plástico segurando um gravador se ouvindo em silêncio. alguém.
6
meu coração sapateando
o meu tmbm
meu deus todos os meus amigos estão aoux borde du nerves
arquétipo e cafonice
ENTRE O CEU E O INFERNO DA MAGIA
só de noite
o cara que pisoteia meu coração me chama de baby e depois não fala mais comigo
todos meus amigos em pane
homens
PANE
TILT NO CORAÇÃO
TILT NA MENTE
eu tento entender, ele parece facilitar e depois volta atrás
homens
sentir pensando
isso me deixa cos corno virado
isso me deixa com os cornos virados
num sei se sou
só tenho a mim mesmo a imaterialidade do meu trabalho
eu só tenho a mim mesma
passei por uma depre trashissima de duas semanas
fiquei dias sem comer e tomei tragos que achei que fosse morrer
amanhã vou me enrolar em plástico num grande plástico semi fosco com um gravador na mão provavelmente nú e vou ficar deitado no mato ouvindo muitas confissões trechos de conversas raciocínios vagos
mas acho que ter enfrentado o monstro e não só medicado ele me libertou um pouco
eu tmbm fique podre semana passada tomei porres
o gordo em porto alegre tomou um caixa de remédio pra dormir
tem no meu msn semi conhecido internado em hospital por depressão
tilt na alma
vou ter que me desfazer de tudo o que construí assim de material nesses dois anos aqui
voltar
tilt no coração
ir pra outro lugar
mais mudança
to me abrindo pro que der e vier
dependo de muitas coisas muito vagas blurs
blur na mente
tilt no coração
o mundo em total eclipse
não sei mais o que faço além de tudo que faço
trabalho
vamos ouvir blur
end of the century
fui até o atendimento psiquiátrico da universidade sentei na frente da senhora eu rpecisava conversar ela prontamente me chamou de perverso, mórbido e que eu não sei se eu sou um garoto ou um homem, e que a vida é dura e eu concordei apesar e achar a técnica redutiva e não percebendo tudo mais
de usar bermuda e tenisinho assim da moda (da moda...) e jaqueta de homem
mas eu me criei fazendo dos limões minhas limonadas
ela me chamou de perverso de mórbido e eu ali, sentado com todos os meus segundos de vida
olhando pra cara dela, bem triste por dentro
sendo duro olhando na pupila
pensei nos meus trinta anos. Memória e imaginação.
Um comentário:
Nossaa muito bom, meio complexo.
Agoraa estou sabendo um pouco mais de sua vida.
;*
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