Arquipélago número UM:
Essa ação é decorrência direta do primeiro workshop feito em (botar data) no Lume –Teatro com os performers Flávio Rabelo, Isabella Oliveira, João de Ricardo, Rodrigo Scalari e Shima, tendo o objetivo de criar um grupo de estudo e ação em performance art. Os participantes em sua maioria estão atualmente desenvolvendo pesquisas de mestrado na área de teatro - artes plásticas – performance art.
Está ocorrendo desde domingo, dia 20 de abril e culminará dia 23 de abril, às 15:30 na fonte seca da praça do Ciclo Básico, UNICAMP-SP.
Neste workshop estão presentes: Flávio Rabelo Isabella Santana e João de Ricardo
Cada indivíduo. E sua pesquisa.
A minha pesquisa é uma ação prática-teórica que através da noção de dramaturgia tenta apreender a relação entre o encenador e o performer. Em outras camadas poderíamos falar das analogias que essa relação traz em outras dimensões como teatro e performance, representação e presentificação, tempo da ficção e tempo da ação etc...
Arquipélago Número Um tenta dar conta da curiosidade individual dentro do corpo coletivo e vice-versa sempre. Será o segundo workshop onde nós viveremos alguns conceitos fundadores para nossas pesquisas. Arquipélago Um tenta dar conta da curiosidade individual dentro do corpo coletivo e vice-versa sempre. Será o segundo workshop onde nós viveremos alguns conceitos fundadores para nossas pesquisas. vc deve estars e perguntando o por que do Arquipélago... Antes de mais nada, o que aparece na sua cabeça? Aquelas ilhasinhas, todas perto uma das outras, mas todas separadas. Todas paracidas mas não iguais. Será o homem uma ilha? E Homens em ação, juntos, cada um singular mas contaminados pela água que circula entre os corpos. Artistas num mesmo sistema, ou rizoma se vc gostar dos pós estruturalistas. Conectados entre si e com o mundo. Fazendo parte do mundo.
O crítico de arte Agnaldo Farias escreveu sob encomenda um livrinho que tenta mapear a arte contemporânea brasileira. Ele usa um termoao tentar definir a arte contemporânea: Arquipélago. Vc que adora uma citação bem gostosinha vai adorar esse pedaço do livro que recorto e colo sem piedade:
ARTE CONTEMPORÂNEA ENTENDIDA COMO ARQUIPÉLAGO
Diversamente do período moderno, com suas correntes e tendências artísticas organizadas em grupos como as vanguardas construtivas, os futuristas, dadaístas, surrealistas e outros, autores de manifestos, fundadores de revistas e até escolas, a arte contemporânea no Brasil, como já foi dito, embora possuindo suas matrizes, avança num número tal de direções e é constituída por obras tão singulares que, tudo considerado, ela sugere um arquipélago. A imagem é boa porque foge do reducionismo das grandes etiquetas, que, ao valorizarem as semelhanças entre as obras de alguns artistas, não atentam convenientemente para as diferenças entre elas. Outros argumentos a favor dessa imagem: em primeiro lugar, a descontinuidade que ela sugere, o que contraria a idéia de que seu desenvolvimento se dá linearmente, com cada obra se apresentando como um desdobramento da anterior; e, em segundo lugar, porque com ela nos afastamos da pretensão de um levantamento total de nosso problema, inviável pela extensão que ele assumiria, incompatível com a proposta deste livro.
Um arquipélago porque cada boa obra engendra uma ilha, com topografia, atmosfera e vegetação particulares, eventualmente semelhante a outra ilha, mas sem confundir-se com ela. Percorrê-la com cuidado equivale a vivenciá-la, perceber o que só ela oferece. (Farias, 2007)
1- Performace Art: Cito Patrice Pavis:
O performer no tem que ser um ator desempenhando um papel, mas sucessivamente recitante, pintor, dançarino e, em razão da insistência sobre a sua presença física, um autobiógrafo cênico. O performer é aquele que fala e age em seu próprio nome (enquanto artista e pessoa) e como tal se dirige ao público, ao passo que o ator representa sua personagem e finge não saber que é apenas um ator de teatro. O performer realiza a encenação se seu próprio eu, o ator faz o papel do outro. (PAVIS, 1999, p.285)
A Ação mimética refere-se ao universo do drama, Artitóteles e suas molaridades dramáticas ,refiro-me a toda moldagem conceitual que ocorreu na história do teatro com base na Poética. Aliás falando em molaridade cito Guattari:
“às estratificações que delimitam objetos, sujeitos, representações e seus sistemas de referência. A ordem molecular, ao contrário, é a dos fluxos, dos deveres, das transições de fases, das intensidades”.
A ação performática refere-se a ela própria em tempo espaço e ação. Tomando emprestado um termo das neurociências diria que ela é uma Ação autopoiética.
Autopoiesis
Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
Autopoiesis é um termo criado pelos chilenos Humberto Maturana e Francisco Varela (1945-) para designar a célula enquanto algo "auto-criado". De origem biológica, termo passou a ser usado em outras áreas como a neurobiologia e até na sociologia.
A denominação autopoiese é a fusão de dois termos: “auto” que refere-se ao próprio objeto e “poiese” que diz respeito à reprodução/criação A autopoiese é uma terminologia empregada inicialmente por dois biólogos chilenos Humberto Maturana e Francisco Varela para designar os elementos característicos de um sistema vivo e sua estrutura. Os dois pesquisadores “[...] cunharam, no campo da biologia e da neuropsicologia, o conceito de autopoiesis e avançaram, a partir dele, nas considerações sobre o fenômeno da percepção. O conceito de autopoiesis nasceu da seguinte indagação: como se pode definir um ser vivo?”
2- Work in progress: a performance art cola a noção de objeto com a de processo, "artificando" o mesmo. A opção de fazer esse segundo workshop em público é tornar possível esse recorte vivo na reflexão, unir os tempos entre a criação e a execução.
3- Site-specific: O local para o workshop foi decidido naturalmente diante do desejo coletivo em relacionar-se com a epsuisa e com a isntituição que abriga nossas pesuisas, a UNICAMP. PAra tanto escolhemos o chafariz da praça do Ciclo Básico. Um chafariz em formato circular, o ovo de onde a universidade se estrutura, um lugar que outrora tinha água , peixes e patos. A pupila vermelha no logotipo da UNICAMP. A minha experiência com esse local começou com a decisão performática: toda vez que eu almoçasse no restaurante universitário eu daria uma volta em torno desse monumento dilapidado que nós apelidamos ironicamente de "rodela".
A partir dessa tarefa performática ou, prorama de comproamento, minhas curiosidades anteriores colaram-se com a mitologia e as camadas de acaso que aquele “lugar específico” trouxe. Assim a comunicação com o local reverbera e reverberará nas ações e procedimentos que faremos no workshop. O conceito de HAPPENING desenvolvido pelo artista Allan Kaprow dá conta pela primeira vez dessa cincunstância estética-conceitual do site-specific com o seminal «18 Happenings in 6 Parts». Digo isso seme squecer as ações performáticas site-specific que ocorreram antes, como por exemplo as das vanguardas históricas, os Dadá e os Surrealistas. Mas o tratamento amis apurado em termos de idéia surge mesmo com Kaprow. Além do que Kaprow com as suas articulação des ações - happenings, serve muito bem para eu pdoer refletir sobre o papel do artista "encenador" em outros campos que não os do teatro.
“1. O espaço. Já referi que o tratamento do espaço é fundamental para os happenings. A partir do momento em que uma galeria de arte é inaugurada com uma “nova arte”, que resulta da justaposição de linguagens plásticas e performativas, tal como o propôs Kaprow, o espaço torna-se o ponto comum onde a obra se implanta e acontece, simultaneamente. Por um lado, ele consiste na criação de “ambientes”, com materiais que despertem memórias ou ligações com o quotidiano, produzindo um contexto novo de sentidos onde o espectador é integrado. O próprio espaço físico onde se realizam os happenings são lugares do quotidiano: a rua, a natureza ou espaços não-convencionais. Muito próxima das instalações ou dos espectáculos site-specific contemporâneos, a relação com o espaço ganha então uma qualidade dramatúrgica, na medida em que a selecção e organização dos materiais na obra parte do pressuposto que todos eles são paritários e que potenciam sentidos; esta é uma das linhas de pesquisa das artes performativas (lembro que a palavra original de “ambiente” é “environment” e é a partir dela que Richard Schechner desenvolveria o seu conceito de “environmental theatre”).
Fonte:
http://omelhoranjo.blogspot.com/2006/05/relembrar-allan-kaprow-1927-2006-ii.html
4- Denken ist plastik: Ao sentenciar que pensar é esculpir , o artista alemã Joseph Beuys sintetiza com a força de um spam a noção de que arte é homem, arte é humano e de que todos podem fazer da arte um mecanismo que TRANSFORMA o real. Esse oximoro puxa uma corrente de outros como corpo-cadáver, a noção de materialidade-imaterialidade, presença-ausência, público privado, arte –vida, consciente inconsciente, dentro- fora. Eu gostaria de encher de água aquela fonte seca. Isso é um absurdo? Vc me ajudaria a trazer um caminhão pipa para dentro da Unicamp, para trazer água para a rodela?
5- CsO O corpo sem órgãos. Estender a noção de corpo para além do biológico e do conceitual. Deleuze-Artaud. O corpo da ação. Espetáculo e seu CsO. O CsO de cada performador. Dar continuidade a troca de repertórios de treinamento e procedimentos performáticos de cada artista-pesquisador.Criar rede de conecções conceituais. Um arquipélago entre pesquisas. O CsO de uma coletividade. Cito a noção de CsO de Deleuze Guatarri:
De todo modo você tem um (ou vários), não porque ele pré-exista ou seja dado inteiramente feito — se bem que sob certos aspectos ele pré-exista — mas de todo modo você faz um, não pode desejar sem fazê-lo — e ele espera por você, é um exercício, uma experimentação inevitável, já feita no momento em que você a empreende, não ainda efetuada se você não a começou. Não é tranqüilizador, porque você pode falhar. Ou às vezes pode ser aterrorizante, conduzi-lo à morte. Ele é não-desejo, mas também desejo. Não é uma noção, um conceito, mas antes uma prática, um conjunto de práticas. Ao Corpo sem Órgãos não se chega, não se pode chegar, nunca se acaba de chegar a ele, é um limite. Diz-se: que é isto — o CsO — mas já se está sobre ele — arrastando-se como um verme, tateando como um cego ou correndo como um louco, viajante do deserto e nômade da estepe. É sobre ele que dormimos, velamos, que lutamos, lutamos e somos vencidos, que procuramos nosso lugar, que descobrimos nossas felicidades inauditas e nossas quedas fabulosas, que penetramos e somos penetrados, que amamos. (DELEUZE-GUATARRI 1996 : 9)
Conversa possível entre João de Ricardo e Shima, uma reverberação:
2 [15:17:43] Shima diz:
oi pedaçudo
1[15:17:51] Encontraram pedaços do corpo de João de Ricardo diz:
assim sem criar alardevc passaria de domingo a quarta feira aqui em barão?
olha, preciso ver, não sei
2
tô com 0 legais no bolso sem dinheiro seria para?posso daqui 2 semanas domingo já?
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seria para o segundo workshop do arquipélago, dessa vez com os ensaios de domingo e segunda la na rodela, terça feira para produção e quarta apresentação do arquipélago número um
2
hummm
1
na rodela,
2
ai que tudo, o que é a rodela?
1
O chafariz seco no centro da UNICAMP A semente geradora de instituição, o Umbigo do seu Zeferino. Um lugar que tinha água e agora não tem mais.
2
tem que postar no bruóg!
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são algumas ações dos repertórios individuais e mais algumas criadas exclusivamente pela nossa convivência, pensadas e executadas em relação a rodela. Decorrência antural da complexidade do nosso trabalho durando um tempão lá na rodela.
2
coletivo
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lá na rodela
2:
rodela?........aaaahhhh!
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performers cercados de idéias por todos os lados
se vc naum puder presencial a gente arma uma conecção
um eco dos teus cabelos negros como a noite que não tem luar
ehheehehe
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agora que eu to com a alma vendida é difícil ainda mais que eu já programei as minhas aídas aqui no escritório tipo, daqui 2 semanas rola com certeza mas esta semana não
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Entendo então crie uma conecção possível.um texto.
ou nada e espere até o próximo.
=D
acho importante nós que façamos a acão já. é uma urgência. O Flávio ta viajando. E preciso cortar o delay entre a concepção e a ação. Estou acostumado ao tempo do encenador, ficar meses lambendo uma idéia.
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eu crio o audiovisualsexual
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tem que ser moldado em lava viva
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menino que fogo na bacurinha! to gostando de ver.
João de Ricardo
Campinas: 20 de abril de 2008
Linkem seus textos!
Um comentário:
Caralho. Preciso ir mais para Barão.
Essa febre é miraculosa.
Saudades, com amor.
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